22/08/2021 às 12h34min - Atualizada em 22/08/2021 às 12h34min

Combate à pandemia de Covid custa R$ 298 milhões ao país a cada 24 horas

Somente em 2021, a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já custou aos cofres públicos R$ 68,7 bilhões – R$ 298,6 milhões a cada 24 horas, em 230 dias, considerando até a última sexta-feira (20/8). O valor significa 53,8% do total previsto no orçamento para este ano: R$ 127,5 bilhões.

Nos próximos dias, o Brasil entrará no 17º mês com transmissão contínua do vírus.

A maior fatia do dinheiro não foi destinada a ações de saúde. Hoje, a verba aplicada especificamente nessa área representa somente 30% do total. O montante chega a R$ 21 bilhões na compra de vacinas e suplementação ao Ministério da Saúde e demais pastas.

O principal alvo dos investimentos do governo federal foi a renda da população vulnerável. O auxílio emergencial e o custeio do programa de incentivo ao pagamento da folha salarial abocanharam, juntos, R$ 42,2 bilhões.

Até julho, dado mais recente, o governo federal havia pagado R$ 9,64 bilhões dos R$ 27,7 bilhões previstos para a aquisição de vacinas: 34% do total.

Entre os outros gastos do governo, está o pagamento das Cotas dos Fundos Garantidores de Operações e de Crédito, que consumiu R$ 5 bilhões e já foi totalmente quitado.

O Financiamento da Infraestrutura Turística, incentivo ao setor, custou, até o momento, R$ 443 milhões. Ao todo, o governo federal planeja injetar R$ 1,92 bilhão na área.

No ano passado, o primeiro da pandemia, a União desembolsou R$ 524 bilhões para conter o avanço do coronavírus. O previsto era R$ 604,7 bilhões – o excedente ficou como restos a pagar para este ano. À época, foi criado um “orçamento de guerra” para as despesas, possibilitando ações emergenciais e permitindo endividamento.

Entre os órgãos que mais receberam dinheiro, estão o Ministério da Cidadania, que teve o caixa reforçado em R$ 36,2 bilhões; o Ministério da Saúde, que angariou R$ 19,8 bilhões; e o Ministério da Economia, que embolsou R$ 11,4 bilhões.

Para Lúcio Big, diretor-presidente do Instituto Observatório Político e Socioambiental (OPS), entidade de fiscalização de gastos públicos e defesa da boa gestão do orçamento público, os dados apresentados no painel de monitoramento seguem um padrão de difícil compreensão para a maioria absoluta dos brasileiros.

“São muitas informações com poucas explicações sobre o que, de fato, são, o que impede o total entendimento dos gastos com a pandemia e se eles seguem rigorosamente o que a legislação determina”, explica.

Além disso, na avaliação do especialista, navegar pelo site é “quase como andar em um labirinto, onde não se sabe aonde vai chegar, ou mesmo se chegará a algum lugar”.

“A transparência pública, garantida aos brasileiros por leis federais, deve ser ampla e em linguagem acessível a todos nós, cidadãos. É essa transparência que poderia garantir a correta aplicação dos impostos que pagamos, mas, por enquanto, continuamos sob a densa neblina que paira sobre as contas que pagamos”, destaca.

Em nota, o Ministério da Saúde informou dados discrepantes do Tesouro Nacional. Segundo a pasta, dos R$ 27,1 bilhões em créditos extraordinários abertos e reabertos em 2021 para aquisição de vacinas e outras despesas necessárias à imunização, R$ 26 bilhões estão empenhados, ou seja, reservados para uso. O valor exatamente quitado não foi informado.

“Os números apresentados se referem também às despesas que não são do Ministério da Saúde, como: auxílio emergencial, benefício para manutenção do emprego e da renda, infraestrutura turística, entre outros”, finaliza o texto.


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