06/07/2020 às 18h40min - Atualizada em 06/07/2020 às 18h40min

Pandemia: alunos de baixa renda desistem do Enem e abandonam cursinhos populares

Cursinhos preparatórios para jovens de baixa renda, registraram uma queda significativa no número de alunos durante a pandemia do Covid-19. Devido a suspensão das atividades presenciais e a adoção de aulas on-line, estudantes tem abandonado as instituições de ensino.

Entre os motivos que levaram os jovens a desistir dos estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estão a falta de computadores com acesso à internet, ausência de um ambiente adequado para estudos em casa, problemas financeiros e a instabilidade emocional.

Uma pesquisa feita no mês de junho aponta que 49% dos jovens entrevistados já pensaram em desistir do Enem 2020, o levantamento ouviu 33.688 jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil.

 O cursinho Florestan Fernandes, em São Paulo, é gratuito e funciona aos sábados em parceria com a faculdade de história da Universidade de São Paulo (USP), no início do ano contava com 800 alunos, três meses depois, restam apenas 40.

 “A evasão é normal, mas não nessa proporção. Nossos estudantes não têm um acesso de qualidade à internet. Mais de 60% deles só usam celular, com pacote de dados bem limitado”, afirma o coordenador Bruno Sampaio.

“Essa situação gera também uma fragilidade emocional. Os alunos têm demonstrado ansiedade e preocupação. Eles são da periferia, precisam ajudar em casa, cuidam dos irmãos, vão trabalhar. Não conseguem mais estudar”, completa.

Em Maracanaú, no Ceará, o Projeto Seis de Março tinha 60 alunos, agora cerca de 15 participam das atividades virtuais. A coordenadora e professora de português no cursinho, Kathleen Barros, afirma que os alunos não estão conseguindo se adaptar ao formato on-line, seja por dificuldade de acesso a tecnologias ou por falta de concentração.

“Tentamos montar grupos menores, com tutores, para o contato dos professores ser mais direto. Mas não tem jeito, não estamos conseguindo fazer um trabalho mais efetivo. O jeito é esperar a vacina”, diz.

Vitória Borges

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