21/04/2019 às 15h31min - Atualizada em 21/04/2019 às 15h31min

Atentados em igrejas católicas e hotéis no Sri Lanka deixam mais de 200 mortos no Domingo de Páscoa

Policiais recolhem destroços após ataque no Santuário de Santo Antônio, em Colombo, no Sri Lanka Foto: ISHARA S. KODIKARA / AFP

COLOMBO — Pelo menos 207 pessoas morreram e cerca de 450 ficaram feridas neste domingo após uma série de explosões registradas em três igrejas e hotéis de luxo no Sri Lanka , onde vários cristãos comemoravam o Domingo de Páscoa. O governo decretou um toque de recolher por tempo indeterminado a partir das 18h no horário local (9h30, em Brasília) e bloqueou a internet. Oito pessoas foram presas por suposta ligação com os ataques.

Seis explosões ocorreram por volta das 8h45 (horário local), em pelo menos três hotéis de luxo em Colombo — Cinnamon Grand, Kingsbury e Shangri-La  — e em três igrejas: a de Santo Antônio, de Colombo; a de São Sebastião, em Negombo; e a terceira em uma igreja de Batticaloa, no leste da ilha. Horas depois, mais duas explosões ocorreram: um homem-bomba matou três policiais em um prédio em Orugodawatta, subúrbio da capital, e outro kamikaze se explodiu em uma casa de hóspedes. A polícia acredita que eles estavam fugindo após praticar os atentados ocorridos pela manhã.

Nenhum grupo extremista assumiu a autoria dos ataques, mas o ministro da Defesa Ruwan Wijewardene disse que os culpados foram identificados e eram extremistas religiosos. A polícia do país tinha feito há dez dias um alerta de terrorismo, a partir de uma informação de que poderia estar sendo preparado um ataque “com características jihadistas”.

Após os atentados, o Papa Francisco condenou a “violência cruel”. Os ataques contra minorias religiosas vêm se repetindo na ilha, onde os cristãos representam apenas 7% da população.

— Quero expressar minha sincera proximidade com a comunidade cristã (do Sri Lanka), ferida enquanto se reunia em oração, e a todas as vítimas de tal violência cruel —  disse Francisco enquanto fazia a benção de Páscoa diante de milhares de fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano.

O budismo Theravada é a maior religião do Sri Lanka, com adesão de cerca de 70,2% da população de quase 21 milhões de habitantes, segundo o censo mais recente. Hindus e muçulmanos compõem 12,6% e 9,7% da população, respectivamente. O país é também o lar de cerca de 1,5 milhões de cristãos, segundo o censo de 2012, a grande maioria deles católica romana.

Nos últimos anos, vêm crescendo o extremismo budista, alimentado por monges radicais. Os ataques a outras minorias religiosas aumentaram, particularmente contra a comunidade muçulmana, alcançando seu ponto mais violento em março de 2018, quando o governo decretou estado de emergência por 10 dias, pela primeira vez desde 2011, depois de uma série de confrontos entre muçulmanos e budistas, que deixaram três mortos.

Neste domingo, o governo decretou um bloqueio temporário das redes sociais para evitar a disseminação de “informações incorretas e falsas” sobre a onda de ataques e o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe convocou uma reunião do conselho de segurança nacional em sua casa para o final do dia. “Eu condeno veementemente os ataques covardes contra nosso povo hoje. Eu chamo todos para permanecerem unidos e fortes”, postou no Twitter.

O presidente do Sri Lanka, Maithripala Sirisena, pediu calma ao país, mas se mostrou em choque:

— Por favor, fiquem calmos e não sejam enganados por rumores —  declarou Sirisena em mensagem à nação. — As investigações estão em curso para descobrir que tipo de conspiração está por trás destes atos cruéis.

Globo


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