06/03/2018 às 06h48min - Atualizada em 06/03/2018 às 06h48min

Tesoureiro do Vaticano, cardeal é acusado de abuso sexual

Folha de São Paulo
Foto: Paul Crock/AFP
Um tribunal australiano começou nesta segunda-feira (5) a ouvir testemunhas que acusam o cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano, de abuso sexual. Ele é a mais alta autoridade da Igreja Católica a ser investigada pelo assunto.

O religioso foi acusado em junho do ano passado de abuso sexual contra diversas pessoas no estado australiano de Vitoria, mas os detalhes exatos dos casos nunca foram revelados.

A polícia disse apenas que os casos são antigos, sendo que alguns aconteceram há mais de 40 anos. Os testemunhos foram fechados ao público e à imprensa e nem a identidade nem o relato das supostas vítimas foram divulgados. Caberá a corte em Melbourne decidir se há evidências suficientes para levar o caso a julgamento —a previsão é que esta decisão ainda demore um mês.

Peel, 76, ficou calado durante os 25 minutos iniciais da sessão, quando ela ainda estava aberta aos jornalistas. Ele chegou ao tribunal acompanhado de sua equipe de advogados e não deu declarações.

A juíza Belinda Wallington começou a sessão dando autorização para que os relatos fossem feitos via vídeos online e autorizou uma das testemunhas a dar a declaração acompanhada de um cachorro, o que foi criticado pela defesa.
“Sempre achei que cachorros fossem para crianças e pessoas muito velhas”, disse o advogado Robert Richter. “Não, eles também são para pessoas vulneráveis e traumatizadas”, respondeu a magistrada.

INQUÉRITO

Pell, que foi arcebispo de Sidney e de Mebourne e é considerado o mais importante líder católico australiano, foi indicado pelo papa Francisco em 2014 para comandar a então recém-criada Secretaria de Economia do Vaticano. O cargo faz dele a terceira mais importante autoridade dentro da hierarquia católica, atrás apenas do próprio pontífice e do secretário de Estado.

Com as acusações, Pell se afastou do dia-a dia do cargo, mas oficialmente mantém a posição. Ele já declarou que pretende voltar ao Vaticano após o fim do julgamento. Seu advogados afirmaram que o cardeal pretende se declarar inocente caso a ação vá a julgamento.

O papa, que prometeu uma política de tolerância zero contra o abuso sexual na Igreja, já declarou que pretende esperar uma definição do caso na Justiça australiana antes de tomar alguma medida. A investigação contra o religioso começou em 2012, quando o governo australiano criou uma comissão para investigar como a Igreja lidou com denúncias de abuso sexual e pedofilia no século 20.

Incialmente, Pell foi questionado apenas por seu possível papel em acobertar os casos, mas não havia acusações diretas contra ele por crimes sexuais. Em 2015, porém, uma pessoa —que não teve seu nome divulgado— fez uma denúncia a comissão acusando o religioso de abuso, dando início a investigação contra ele. Com isso, outras pessoas também procuraram a Justiça para acusarem Pell.


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