12/05/2023 às 07h23min - Atualizada em 12/05/2023 às 07h23min

Funcionária acusa vereador de assédio sexual: 'Fez menção a sexo oral'; parlamentar nega

G1
Foto: Reprodução
Thayssa Guimarães, de 25 anos, que trabalha nos recursos humanos (RH) da Câmara de Vereadores de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, registrou queixa acusando o vereador Jorge Luiz Gasco, o Jorge Mariola, (Podemos), de 67 anos, de assédio sexual. Ele nega as acusações.

O caso teria acontecido no dia 13 de abril no próprio RH, e na presença de duas outras pessoas.

"Eu estava atendendo uma pessoa, e minha chefe estava atendendo o vereador. Em dado momento, eu soltei o cabelo, que estava preso em um coque, e ele falou: 'Nossa, o cabelo dela é grande, bom para puxar e fazer assim' e fez menção a sexo oral, como se fosse para eu fazer sexo oral nele", contou Thayssa ao g1.

Ela disse que todos ficaram constrangidos no ambiente, mas ninguém falou nada. Bastante incomodada, ela contou que seguiu fazendo suas tarefas até que o vereador foi até ela para se despedir.

"Ele chegou perto de mim e segurou o meu rosto, tentando me beijar. Eu fiquei fazendo força contra ele, e ele não conseguiu me beijar na boca. Ele tentou duas vezes", disse.

A funcionária contou ainda que Jorge Gasco tem costume de tentar beijar as mulheres da Câmara e que algumas já têm até estratégia contra o vereador.

"Sempre tenta beijar ou dar um beijo no canto da boca. Tanto que tem gente aqui que, quando encontra com ele, abaixa a cabeça para ele beijar na testa", contou.
O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher de São Gonçalo, e um protocolo de quebra de ética e decoro parlamentar foi aberto na própria Câmara.

Medo de denunciar

Thayssa contou ainda que teve medo de denunciar e sofrer retaliações por parte do vereador e até perder o emprego.

"Cheguei em casa incomodada com aquilo e falei com a minha mãe, que se indignou e falou com meu pai, que é policial militar, e disse que eu tinha que denunciar, que eu era vítima, e não podia ficar com medo ou deixar passar", disse.

O g1 apurou que o parlamentar prestou depoimento e negou o caso. Ele ficou de apresentar testemunhas, mas ainda não o fez. Já a vítima apresentou duas testemunhas.

"Ele pode estar acostumado a todo mundo aceitar isso, mas eu não sou obrigada a aceitar também. Não é a primeira vez que isso acontece. Talvez agora seja a última", finalizou.

Além dos beijos, Thayssa contou que, em outros momentos, Jorge Gasco já esteve no RH perguntando se ela e uma estagiária não queriam ir trabalhar no gabinete dele, que no local só trabalhava mulher bonita e que elas tinham muitas vantagens.

"Ele falou que levava as mulheres do setor dele para almoçar fora, que todo dia dava R$ 50 para elas lancharem fora", contou.

Vereador nega acusação

Em depoimento, ao qual o g1 teve acesso, Jorge Luis Gasco disse que tem como costume beijar e abraçar as pessoas, e que por isso ganhou o apelido de "Beijoqueiro" na Câmara de São Gonçalo.

Na delegacia, o parlamentar afirmou que não fez nenhum gesto fazendo referência a sexo oral, e que enquanto esperava uma resposta para uma indagação conversou com vários funcionários do RH da Câmara, incluindo Thayssa.

Durante a conversa, ouviu uma brincadeira da chefe do setor, brincando para que ele, Jorge, não deixasse de pagar a pensão.

Ele respondeu que não estava mais com a ex-mulher, que, segundo ele, era muito ciumenta. Jorge alega que, então, Thayssa disse que também tinha o mesmo comportamento, e que estava noiva há oito anos.

Jorge afirmou que, depois disso, brincou com Thayssa sobre o tempo de noivado. Depois, quando Thayssa soltou o cabelo, ele diz ter feito um comentário a respeito.

"O seu cabelo é muito bonito, o seu noivo vai puxar o seu cabelo e vai se apaixonar".

Gasco diz que Thayssa nunca reclamou de nenhum comportamento dele antes, e que também não recebeu denúncias na Ouvidoria da Câmara de Vereadores de São Gonçalo.

O g1 procurou o vereador, que negou as acusações e se disse tranquilo quanto aos fatos e triste pelas acusações.

"Eu tenho 30 anos de vida pública e todo mundo conhece o Mariola. Sabem que sou uma pessoa amiga, carinhosa, fraterna e que não vê diferença de sexo, raça ou cor. Onde chego, falo com todo mundo, abraço todo mundo. Estou muito tranquilo quanto a essa acusação, e triste porque nunca aconteceu nada disso. As pessoas que estavam no setor podem falar melhor do que eu. Nunca houve nada disso", disse.

Jorge Mariola foi eleito vereador em 2020 com 2.027 votos. Ele integra as Comissões de Defesa Civil, Educação, Obras e Habitação e é vice-presidente da Comissão de Combate à Discriminação de Raça, Cor, Etnia e Religião da Câmara de São Gonçalo.

A delegada Debora Ferreira Rodrigues, titular da Deam de São Gonçalo, enviou o inquérito para o Ministério Público esta semana. A delegada quer saber se a promotoria pedirá novas diligências, para indiciar ou não político.

Em nota, a Polícia Civil disse que "a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo instaurou inquérito e já ouviu o suspeito, a suposta vítima e testemunhas".
 


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