12/11/2022 às 15h47min - Atualizada em 12/11/2022 às 15h47min

Mãe de trigêmeos diz que médico aconselhou abortar um ou dois por ela ser muito gorda

Revista Crescer
Foto: Reprodução/The Mirror
A gordofobia existe e impacta a vida de milhões de pessoas por todo o mundo. Dói ainda mais quando esse tipo de comportamento vem de onde você menos espera. Foi o que aconteceu com Ange, de Somerset, no sistema de saúde britânico. Com 133 kg e 1,62 cm de altura, ela já estava até acostumada a lidar com o preconceito, mas a situação ficou insuportável quando ela engravidou.

Em 2016, Ange, 38, teve sua primeira bebê e, no início deste ano, descobriu que estava grávida de trigêmeos. "Eu sempre fui uma pessoa grande", disse em entrevista ao The Mirror. "Mesmo que eu tenha hábitos saudáveis e vá à academia regularmente, sempre sofro com o julgamento", afirmou. Quando engravidou pela primeira vez, aos 31 anos, em 2015, de sua filha Dottie, Ange contou que os médicos foram terríveis. “Eles disseram: ‘Você não deveria ter esse filho’”, recordou. "Eles ficavam falando sobre os riscos de diabetes, pressão alta e pré-eclâmpsia, tudo por causa do meu tamanho. Eles focavam muito no IMC (Índice de Massa Corpórea). Foi horrível", desabafou.

No entanto, ao contrário de todas as tragédias previstas, a gestação seguiu de maneira excelente. Ange não teve nenhum dos problemas que os médicos acharam que ela poderia desenvolver e Dottie nasceu saudável, em fevereiro de 2016.

Ange adorava a experiência de ser mãe, assim como seu marido Chris, 33, adorou se tornar pai. Tanto que, em 2019, eles começaram a tentar outro bebê. "Nada acontecia”, recorda. A preocupação e a decepção com as tentativas frustradas aumentavam a cada mês que se passava.

"Dottie ficava perguntando quando ela se tornaria uma irmã mais velha. Todo mês ela desejava um irmão e meu coração se partia quando via que não tinha acontecido. Eu não queria nada mais do que fazer esse desejo se tornar realidade", relatou.

Dois anos se passaram e nada de um novo bebê. Ange sabia que algo precisava mudar. Ela e o marido decidiram parar de tentar e se concentrar na pequena Dottie. Segundo ela, foi um alívio tomar a decisão de desistir. Isso deu a ela o espaço necessário para relaxar e aproveitar a família, do jeitinho que ela era naquele momento.

Apesar de ter sofrido preconceito, Ange não teve intercorrências em nenhuma de suas gestações. À esq., ela com a primogênita, Dottie — Foto: Reprodução/ The Mirror

Apesar de ter sofrido preconceito, Ange não teve intercorrências em nenhuma de suas gestações. À esq., ela com a primogênita, Dottie — Foto: Reprodução/ The Mirror


Mas, então, uma surpresa aconteceu. "No dia 9 de janeiro de 2022, eu estava na festa de aniversário de 30 anos de um amigo quando, de repente, me senti mal. Em casa, perguntei a Chris: 'Que loção pós-barba você está usando? Tem um cheiro nojento e está queimando minha garganta’. Chris teve um estalo e respondeu: 'Você precisa fazer um teste de gravidez’”, contou.

Foi o que Ange fez. E ela mal podia acreditar quando viu a segunda linha vermelha, confirmando um resultado positivo, aparecer. A felicidade era imensa! E ainda havia mais por vir.

"Na preparação para o meu exame de 12 semanas, eu estava me sentindo mal, era muito diferente da minha primeira gravidez, com Dottie", afirmou. "Eu apenas presumi que teríamos um menino desta vez”, disse.

"Eu mal podia esperar para ver o bebê na tela, então, fiquei surpresa quando a primeira coisa que o ultrassonografista perguntou foi: 'Você fez fertilização in vitro?' Eu achei realmente mal educado. Então, ouvi a notícia mais incrível: ‘Você vai ter trigêmeos!'”, recordou a mãe.

Chris, o pai, adorou a notícia de primeira. “Finalmente, tenho minha própria banda!”, exclamou. Já Ange entrou em pânico, preocupando-se com tudo o que eles precisariam mudar na vida, como o carro e a casa. Ainda assim, ela tinha certeza de que queria cada um desses bebês. "Esperamos tanto tempo por essas crianças. Elas foram um milagre!", comemorou.

Então, veio o medo dos médicos, porque ela se lembrou de como foi tratada por conta de seu tamanho, durante a primeira gravidez. "Desta vez, eu estava com 139 quilos - e tinha três bebês. Eu sabia que os médicos se concentrariam em quão arriscado isso era. Eu me preparei para o que estava por vir", explicou.

"A preocupação estava em todo o rosto do médico. Depois de dizer o quão perigoso era ter trigêmeos do meu tamanho, eles disseram: 'Você quer desistir de um ou dois dos bebês?'. Eu respondi dizendo 'absolutamente não!' e fiquei muito chateada quando sugeriram novamente. Nós dissemos que não. Eu disse: ‘Não vou abortar nenhuma dessas crianças'”, contou.

Assim como aconteceu com Dottie, Ange teve uma gravidez sem intercorrências. Mesmo durante as consultas, diziam que ela era a "mãe de trigêmeos mais ‘entediante’ e de baixa manutenção que eles já tiveram". "Foi definitivamente desconfortável para mim, à medida que cresciam. Fiquei tão grande, que lutava para conseguir comer ou me levantar da cadeira”, relatou. “Mas eu não desenvolvi pré-eclâmpsia ou diabetes, ou qualquer uma das coisas que eles dizem que acontecem quando o IMC está acima do normal”, afirmou.


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