20/10/2022 às 07h43min - Atualizada em 20/10/2022 às 07h43min

[VÍDEO] Após 20 anos, Celsinho da Vila Vintém deixa presídio no Rio

O Dia
Celsinho da Vila Vintém é apontado como um dos principais e mais perigosos criminosos da década de 1990 - Marcos Porto/Agência O Dia
Celso Luiz Rodrigues, conhecido como Celsinho da Vila Vintém, deixou a Penitenciária Lemos Brito, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, no início da tarde desta quarta-feira (19). Apontado como um dos principais e mais perigosos criminosos dos anos 1990, foi solto oito dias depois de uma decisão da Justiça ter concedido o direito dele responder em liberdade pela invasão à Rocinha, no ano de 2017. 

Celsinho é um dos fundadores da facção criminosa Amigo dos amigos (ADA) e estava na cadeia desde 2002, tendo sido preso pela primeira vez em 1994. Além de tráfico de drogas, ele responde por diversos crimes, como roubo a bancos e homicídios. Condenado a mais de 30 anos, ele obteve a progressão do regime fechado para o semiaberto em janeiro de 2021, mas nunca deixou a prisão devido ao histórico de fugas. Na saída da penitenciária, Celsinho, que estava acompanhado do seu advogado, Max Marques, declarou que houve armação no inquérito que o apontou como mandante da invasão.

"Vocês viram o que deu aí? O Ministério Público não sabia, armaram para mim. Estou tirando a minha cadeia, paguei a minha cadeia toda. Paguei não 'foi' 20 anos, não, 'foi' 27 anos. Eu nunca ganhei uma condicional, nunca ganho uma (prisão) semiaberta. Nunca ganhei nada, só espero que me dê oportunidade 'para mim' viver. Eu não tenho lugar para ir, não, tenho minha casa, minha família mora toda na favela. Tudo o que eu tinha na vida eu perdi, só não perdi minha família", disse o traficante, que afirmou ainda que não pretende voltar ao crime organizado.

"É 20 anos, saí como? Não sei o que eu vou fazer, não. Estou com a minha perna ruim, as duas pernas ruins. Vou procurar alguma coisa para fazer, ficar tranquilo. Ficar tranquilo eu vou, não vou envolver com nada, eu não vou. Eu não me envolvo há muitos e muitos anos. Então, tentar viver uma nova vida. A sensação (da soltura) é a mais gostosa do mundo", declarou Celsinho.

Apesar da decisão da desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), do último dia 11, Celsinho permaneceu preso, por causa de outras pendências judiciais. Entretanto, nesta terça-feira (18), a Vara de Execuções Penais voltou a autorizar a soltura, uma vez que o juiz Marcello Rubioli constatou que não havia outras penas a serem cumpridas que o impedissem de deixar a cadeia para responder em liberdade.

Celsinho estava preso devido a condenação de 15 anos, em regime fechado, por ter comandado a invasão da Rocinha. Entretanto, a Operação Águia na Cabeça, realizada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), em setembro deste ano, descobriu-se que os delegados Mauricio Demétrio e Allan Turnowski realizaram manobras para favorecer o jogo do bicho e prejudicaram Celsinho, um desafeto do contraventor Fernando Iggnácio.

Por este motivo, a defesa entrou com um pedido de habeas corpus, solicitando a soltura. À época, o crime foi investigado pela 11ª DP (Rocinha) e segundo o então titular, Antônio Ricardo, a apuração seguiu todos os trâmites legais e apontaram que Celsinho comandou a invasão de dentro da cadeia. Mas, o delegado também afirmou que foi vítima de uma armação de Demétrio, que teria usado sua atuação para afastar Celsinho e favorecer o grupo do contraventor Fernando Iggnácio.

Histórico de fugas

Em 1998, Celsinho conseguiu fugir do sistema penitenciário após ser transferido para retirar uma bala alojada no braço direito no Hospital Penitenciário Fábio Maciel, na rua Frei Caneca, no Catumbi, Região Central do Rio. Ele não realizou a intervenção e teria saído pela porta da frente da unidade, vestido com uma farda da Polícia Militar. Mas, esta não foi a primeira vez em Celsinho da Vila Vintém conseguiu escapar. Em 1994, ele fugiu da penitenciária Milton Dias Moreira, também no Complexo de Gericinó, e recapturado dois anos depois, por policiais militares, na comunidade que ele comandava.

Em 2014, ele foi transferido para uma unidade federal após ser apontado como o idealizador, mesmo preso, de uma tentativa de resgate de internos no Fórum de Bangu, em 2013. Na ocasião, uma criança de 8 anos e um policial foram mortos. Celsinho é considerado um bandido sanguinário e, durante rebelião no presídio de Bangu, em 2002, teria negociado a própria vida com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Na época, bandidos ligados ao Comando vermelho teriam executado quatro chefes de grupos rivais. Ele teria ficado vivo alegando que passaria o controle de venda de drogas da Vila Vintém para a facção.


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