20/08/2022 às 10h51min - Atualizada em 20/08/2022 às 10h51min

Com 34 anos de carreira, delegado é esculachado e fica sob mira de metralhadoras engatilhadas em falsa blitz; confira

Metrópoles
Vinícius Schmidt/Metrópoles
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias de abordagem violenta sofrida pelo delegado-chefe da 17ª DP (Taguatinga Norte), Mauro Aguiar, durante falsa blitz. O policial ficou sob a mira de metralhadoras, foi xingado e ameaçado por homens que usavam viaturas e fardas pretas sem qualquer identificação funcional. A investigação será conduzida pela 23ª DP (P Sul).

O episódio ocorreu na madrugada do último sábado (13/8), na Rodovia DF-459, que liga Samambaia a Ceilândia. Aguiar estava em serviço e exercia a função de supervisor de dia, representando o delegado-geral da PCDF. Vestido com um colete da corporação, ele estava em uma viatura descaracterizada e seguia para a 15ª DP (Ceilândia) quando avistou a blitz e atendeu ao comando dos supostos policiais, que fizeram sinal para parar.

Ao iluminar o interior do automóvel com uma lanterna, um dos homens que estava no ponto de bloqueio teria exigido, de forma ríspida, os documentos do carro e a identificação pessoal do delegado. “Esse colete é um pano de chão, e o distintivo é vendido em qualquer feira. Delegado é o caralho, desce do carro!”, teria dito.

Metralhadoras engatilhadas

O fato de todos os supostos policiais vestirem fardas pretas sem a identificação de qualquer corporação ou nomes de guerra chamou a atenção do delegado. O mesmo ocorreu com as viaturas, que estavam estacionadas a cerca de 300 metros do ponto de bloqueio, impossibilitando que as placas fossem vistas.

De acordo com as investigações, quando Mauro Aguiar foi cercado pelo grupo que conduzia a falsa blitz, o delegado ouviu o estalo de armas engatilhadas e ficou sob a mira delas. Em seguida, o homem que havia feito a abordagem teria gritado que o delegado estaria embriagado. No mesmo momento, outros três que integravam o grupo reconheceram o chefe da unidade de Taguatinga Norte: “É o doutor Mauro”, disseram, em tom preocupado.

Aguiar exigiu falar com o comandante da operação, e um homem se identificou como “tenente Andretti, do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) da PMDF”. O delegado acabou liberado pelos supostos policiais e seguiu para a 15ª DP, onde registrou ocorrência por injúria. Ele também se submeteu a exame de alcoolemia no Instituto Médico Legal (IML), que deu negativo.

Blitz fantasma

Na mesma madrugada, Mauro Aguiar entrou em contato com a Central de Operações da Polícia Militar (Copom) a fim de confirmar quem eram os miliares que participavam da blitz. Em resposta, foi informado de que não existia ponto de bloqueio do BPRv previsto para aquela noite naquele ponto e tampouco alguém na unidade chamado “tenente Andretti”. Quando decidiu retornar ao local em que a blitz havia sido montada, não havia mais sinal dos supostos policiais nem das viaturas.

Delegado mais antigo da PCDF na área operacional, com 34 anos de carreira, Mauro Aguiar preferiu não se manifestar sobre o caso. Procurado pela coluna, falou que ainda está traumatizado com o episódio e irá acompanhar o desdobramento das investigações. Aguiar ressaltou que sempre defendeu a integração entre as forças de segurança.

A reportagem acionou a PMDF para saber se, de fato, não havia blitz oficial no local mencionado pelo delegado, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.


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