26/06/2021 às 08h43min - Atualizada em 26/06/2021 às 08h43min

Deputado Luiz Miranda afirma que Bolsonaro culpou atual líder do governo ao ouvir denúncia sobre compra da vacina Covaxin

 

Após horas de depoimento na CPI da Covid nesta sexta (25), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que Ricardo Barros (PP-SP), líder do governo na Câmara dos Deputados, seria o deputado apontado por Jair Bolsonaro (sem partido) como envolvido nas irregularidades da compra da vacina Covaxin.

Mais cedo, Miranda disse que após falar com Bolsonaro, o presidente atribuiu o caso a ações de um parlamentar, mas negou múltiplas vezes lembrar do nome citado. "Vocês sabem quem é, né? Sabem que ali é foda. Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar, né. Isso é fulano. Vocês sabem que é fulano", disse Bolsonaro, segundo Miranda.

O deputado ainda disse que em sua percepção, "[o presidente] não tinha força para combater. Ele deu a entender isso".

O deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, levaram as suspeitas de irregularidade na compra da vacina indiana a Bolsonaro no dia 20 de março. Ambos depõem nesta sexta à CPI.

Vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a fiscal do contrato da Covaxin, a servidora Regina Célia Silva Oliveira, foi nomeada na gestão de Barros (PP-PR) como ministro da Saúde.

Dados do portal da transparência mostram que a servidora é concursada e atua na pasta há mais de 15 anos, e assumiu o seu cargo mais recente em 2018, na gestão de Barros.

O atual líder do governo também era ministro em 2017, quando a Global Gestão de Saúde recebeu R$ 20 milhões da pasta, antecipadamente, para uma entrega de medicamentos que nunca ocorreu. À época, o então ministro culpou a Anvisa e o lobby da indústria por as doses não terem sido entregues.

Ricardo Barros, a Global, e funcionários da Saúde à época respondem à ação de improbidade por causa desta compra.

Em 2021, o deputado Barros apresentou emenda a uma medida provisória para flexibilizar a análise da agência de vacinas registradas na Índia, o que beneficiou diretamente a Covaxin. O deputado nega atuar pela vacina, e afirma que parlamentares da oposição apresentaram proposta de mesmo teor.

Através do Twitter, Barros disse que não participou de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin: “Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso. Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe. Não tenho relação com esse fatos."

No entanto, o Diário Oficial de 19 de fevereiro de 2018 registra a designação de Regina Célia Silva Oliveira como assistente técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde, com o aval do então ministro Barros.


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