Após horas de depoimento na CPI da Covid nesta sexta (25), o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse que Ricardo Barros (PP-SP), líder do governo na Câmara dos Deputados, seria o deputado apontado por Jair Bolsonaro (sem partido) como envolvido nas irregularidades da compra da vacina Covaxin.
Mais cedo, Miranda disse que após falar com Bolsonaro, o presidente atribuiu o caso a ações de um parlamentar, mas negou múltiplas vezes lembrar do nome citado. "Vocês sabem quem é, né? Sabem que ali é foda. Se eu mexo nisso aí, você já viu a merda que vai dar, né. Isso é fulano. Vocês sabem que é fulano", disse Bolsonaro, segundo Miranda.
O deputado ainda disse que em sua percepção, "[o presidente] não tinha força para combater. Ele deu a entender isso".
O deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, levaram as suspeitas de irregularidade na compra da vacina indiana a Bolsonaro no dia 20 de março. Ambos depõem nesta sexta à CPI.
Vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que a fiscal do contrato da Covaxin, a servidora Regina Célia Silva Oliveira, foi nomeada na gestão de Barros (PP-PR) como ministro da Saúde.
Dados do portal da transparência mostram que a servidora é concursada e atua na pasta há mais de 15 anos, e assumiu o seu cargo mais recente em 2018, na gestão de Barros.
O atual líder do governo também era ministro em 2017, quando a Global Gestão de Saúde recebeu R$ 20 milhões da pasta, antecipadamente, para uma entrega de medicamentos que nunca ocorreu. À época, o então ministro culpou a Anvisa e o lobby da indústria por as doses não terem sido entregues.
Ricardo Barros, a Global, e funcionários da Saúde à época respondem à ação de improbidade por causa desta compra.
Em 2021, o deputado Barros apresentou emenda a uma medida provisória para flexibilizar a análise da agência de vacinas registradas na Índia, o que beneficiou diretamente a Covaxin. O deputado nega atuar pela vacina, e afirma que parlamentares da oposição apresentaram proposta de mesmo teor.
Através do Twitter, Barros disse que não participou de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin: “Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso. Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe. Não tenho relação com esse fatos."
No entanto, o Diário Oficial de 19 de fevereiro de 2018 registra a designação de Regina Célia Silva Oliveira como assistente técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde, com o aval do então ministro Barros.