29/05/2021 às 21h04min - Atualizada em 29/05/2021 às 21h04min

Esquerda rasga discurso contra aglomerações e realiza atos contra Bolsonaro em 22 estados e no DF

Protestos contra o governo Jair Bolsonaro (sem partido) foram registrados em ao menos 22 estados e no Distrito Federal. Apesar dos pedidos dos organizadores para que fosse mantido o distanciamento social, houve aglomeração nos atos maiores, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. O uso de máscaras foi massivo.

Até o momento, os atos, organizados por grupos de esquerda —como a Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo e o Povo na Rua— correram de forma pacífica e sem incidentes, com exceção da manifestação em Recife, onde a PM lançou bombas contra manifestantes. Também na capital pernambucana, um policial lançou spray de pimenta no rosto da vereadora Liana Cirne (PT).

No Rio de Janeiro, houve uma tentativa frustrada de manter o distanciamento durante a caminhada do Monumento a Zumbi dos Palmares, na avenida Presidente Vargas, no centro, até o Largo da Carioca, também no centro.

O uso de máscaras foi quase unânime, sob sol forte e temperaturas acima dos 30 graus. Os organizadores do evento, o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) e Povo na Rua estimam que entre 30 e 50 mil pessoas participaram ao longo do ato.

A Polícia militar, que chegou a dobrar o número de homens no policiamento —iniciou com 200 policiais— informou que a estimativa não oficial é de que 5 mil pessoas participaram do ato.

Além do impeachment do presidente Bolsonaro, tanto nas falas como em bandeiras, camisetas, faixas e adesivos, houve uma diversidade de pautas: pedidos por vacina, emprego e a paralisação de processo de privatização, como da Cedae e da Eletrobrás, e apoio a instituições como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Fiocruz.

Um dos organizadores do ato, Vitor Guimarães, do MTST, falou que houve a tentativa de incentivar o afastamento entre o público e da adesão da máscara pela maioria. Ao longo do ato os organizadores pediam distanciamento falando para os participantes esticarem os braços para evitar aproximação.

No plano das reivindicações, representantes sindicais e de coletivos subiram no caminhão para discursar. Poucos políticos falaram no carro de som da organização, entre eles a deputada Jandira Feghali (PCdoB) e Renata Souza (Psol).

O ato contra o governo Bolsonaro bloqueou no final da tarde de hoje os dois sentidos da avenida Paulista. Da altura do Masp até a rua Augusta, as duas pistas estão tomadas de manifestantes. Às 17h20, a avenida estava fechada para trânsito de carros entre as ruas Pamplona e Consolação. Da alameda Campinas até o Paraíso, o fechamento era parcial.

Apesar da distribuição de máscaras PFF2 e álcool em gel e de orientações para manter distanciamento social, o protesto registra aglomerações. Os manifestantes pedem o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e mais vacinas contra a covid-19.

A UNE organizou tendas de distribuição de máscaras PFF2, álcool em gel e instruções para evitar contaminações no protesto. No microfone, organizadores instruem as pessoas a trocar máscaras de pano por modelos mais seguros, como a PFF2, que está sendo distribuída.

Algumas das principais cidades do interior de São Paulo também registraram atos contra o governo, casos de Campinas, Sorocaba, Marília, Piracicaba, Bauru. Na maioria das manifestações, houve uso de máscara e cuidados para evitar aglomerações. Até o início da tarde não tinham sido registrados incidentes.

Em Belo Horizonte, o protesto foi organizado pela frente ampla Povo sem Medo. Pela manhã, bandeiras de movimentos populares foram erguidas e o público se movimentou na Praça da Liberdade e seguiu para a Praça Sete. As pessoas usavam máscara, porém o distanciamento social não foi respeitado. Segundo o tenente Fernandes, da Polícia Militar, 5 mil pessoas foram ao protesto. Os organizadores falam em 6 mil pessoas.

Manifestantes gritavam expressões como "Fora Bolsonaro" e contra prefeito Alexandre Kalil (PSD), que disse que poderia cortar o salário de professores que entrassem em greve. Estavam presentes partidários do PT, PSOL, PCdoB, entre outros.

Em Salvador, o ato nesta manhã reuniu centenas de pessoas no Largo de Campo Grande. Alguns usaram guarda-chuvas com sílabas da palavra genocida. Uma grande faixa puxa a caminhada com os dizeres: "vida, pão, vacina e educação". O corte de verba das universidades federais este ano também foi lembrado pelos manifestantes.

Em Brasília, a organização colocou faixas no gramado em frente ao Congresso para incentivar o distanciamento de 2 metros entre os presentes. Máscaras PFF2 e álcool em gel também foram distribuídos aos participantes. A regra, contudo, não foi plenamente respeitada em alguns momentos, e houve aglomerações.

No Recife, a PM interveio na manifestação que ocorria no centro da capital pernambucana. Policiais usaram balas de borracha e spray de pimenta. Pelo menos um manifestante ficou ferido, com sangramento no olho. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida no rosto com spray de pimenta.

A realização do protesto na cidade ignorou o decreto do governo estadual e a recomendação do MP (Ministério Público) de Pernambuco. Na capital pernambucana está em vigor um decreto que estabelece que "permanece vedada no Estado a realização de shows, festas, eventos sociais e corporativos de qualquer tipo, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes fechados ou abertos, públicos ou privados, inclusive em clubes sociais, hotéis, bares, restaurantes, faixa de areia e barracas de praia, independentemente do número de participantes".

UOL


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