09/12/2018 às 16h31min - Atualizada em 09/12/2018 às 16h31min

Bolsonaro anuncia ex-secretário de Alckmin como Ministro do Meio Ambiente

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou Ricardo Salles para assumir o Ministério do Meio Ambiente de seu governo.

FOTO: FolhaPress

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou Ricardo Salles para assumir o Ministério do Meio Ambiente de seu governo.

O nome foi anunciado por meio das redes sociais neste domingo (9).

Salles é advogado e ex-secretário de Meio Ambiente do governo de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).

Ele concorreu ao cargo de deputado federal pelo Partido Novo nas eleições deste ano, mas não se elegeu.

Salles é advogado e um dos criadores do movimento Endireita Brasil.

Quando era secretário do governo do tucano, ele e mais duas funcionárias da sua equipe foram alvos de uma ação de improbidade administrativa por suspeita de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, na Grande São Paulo.

O Ministério do Meio Ambiente foi alvo de polêmicas desde a campanha de Bolsonaro. Quando ainda era candidato, ele prometeu unificar a pasta à Agricultura, mas acabou desistindo após sofrer pressão de ambientalistas e de ruralistas.

A escolha para o ministério ocorre no rescaldo da repercussão negativa gerada pela desistência do governo brasileiro de sediar a Cúpula do Clima, Cop-25, em 2019.

Embora o Ministério das Relações Exteriores tenha justificado a mudança por ausência de Orçamento, no exterior, a medida foi vista como uma ação do governo Bolsonaro, que critica a ação de organizações internacionais em relação a assuntos do clima.

AÇÃO

Salles foi denunciado por improbidade administrativa no ano passado. Ele e mais duas funcionárias da sua equipe são suspeitos de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, na Grande São Paulo.

Em todos os seis mapas, "modificados de forma maliciosa", segundo o promotor Silvio Antônio Marques, a proteção ao rio mais importante da Grande SP ficou mais frouxa. Eram áreas que estavam identificadas como de proteção ambiental, que poderiam impedir enchentes, por exemplo, mas, agora, ficaram livres para serem usadas por indústrias e mineradoras.

Em um dos pontos identificados pela equipe técnica que assessora o promotor Leandro Leme, a alteração ocorreu exatamente em uma área vizinha a uma grande indústria do município de Suzano. "Áreas de proteção, agora, poderão virar industriais", disse o promotor Leme.

A equipe da Promotoria identificou as mudanças, que não foram registradas nos mapas, e nem discutidas, na véspera da reunião do Consema, realizada no dia 31 de janeiro.

Os mapas originais, discutidos e conhecidos da comunidade ambiental, foram feitos em 2013 por cientistas da Universidade de São Paulo.

 O secretário assumirá em um momento de alta no desmatamento na Amazônia, que voltou a crescer entre 2017 e 2018, e atingiu o maior patamar da última década, com 7.900 km² de floresta derrubados. O número representa um crescimento de 13,7% em relação ao período anterior (2016-2017).

Os dados foram divulgados em novembro pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). As informações são relativas ao Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), sob responsabilidade do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Na avaliação do MMA, o aumento no desmatamento tem quatro motivos principais: sinais de mudança nos ventos políticos, câmbio favorável ao agronegócio, o que estimula a abertura de novas áreas, um período de seca mais agudo do que a média e, em decorrência disso, um grande aumento no número de queimadas. 

Nas áreas desmatadas, o período pré-eleitoral foi marcado por um forte apoio ao então presidenciável Jair Bolsonaro, um feroz crítico das políticas ambientais e da atuação do Ibama, principal órgão responsável pelo combate ao desmatamento.

Durante o período eleitoral de 2018, de agosto a outubro, houve uma explosão no desmatamento amazônico, que cresceu 48,8% em relação ao mesmo espaço de tempo do ano anterior. O monitoramento em questão, porém, é relacionado ao Deter B, outro projeto do Inpe que acompanha o desmatamento quase em tempo real, mas possui menor resolução que o Prodes. De toda forma, os dois sistemas apresentam grande convergência de informações.

Folha


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