03/09/2018 às 06h28min - Atualizada em 03/09/2018 às 06h28min

VÍDEOS! Incêndio destrói o Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, No Rio

ExtraOnline
Museu Nacional na Quinta da Boa Vista em chamas Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Globo
Um incêndio de grandes proporções atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na noite deste domingo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 80 homens de doze quarteis foram ao local combater as chamas, iniciadas por volta das 19h. Vigilantes teriam visto um clarão no 1º andar pouco antes de o fogo começar. Parte do interior do edifício desabou. Por volta de 1h30m as chamas foram controladas, mas ainda há registro de fogo em vários pontos do prédio.

A assessoria do Museu Nacional informou que ainda não está claro o que deu início ao incêndio, sendo necessário esperar o trabalho dos bombeiros para obter mais informações. Embora domingo seja um dia de visitações frequentes, o museu fechou às 17h e, após este horário, não havia mais ninguém no local além dos funcionários de segurança. No momento em que as chamas começaram a se alastrar, quatro vigilantes estavam no prédio. Os militares estão em contato com as concessionárias para cortar o gás e os escapes que possam alastrar ainda mais o fogo. Há um revezamento de caminhões pipa para dar conta do combate às chamas. Uma das preocupações é que a fumaça afete a saúde de animais do Zoológico do Rio (Rio Zoo).

Os três andares do museu — fundado em 1818 por D. João VI e desde 1946 vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro — abrigavam um acervo de 20 milhões de itens, incluindo documentos da época do Império; fósseis; coleções de minerais; artefatos greco-romanos; e a maior coleção egípcia da América Latina. Dentre seus itens mais conhecidos, estavam o esqueleto de um dinossauro encontrado em Minas Gerais e o mais antigo fóssil humano descoberto no atual território brasileiro, batizado "Luzia". Trata-se da instituição científica e do museu mais antigos do Brasil, tendo neste ano completado seu bicentenário. A visitação média mensal é de 5 a 10 mil pessoas.

— Não temos ideia de como começou! Está chegando muita gente que trabalha aqui. É muito amor por essa instituição, são 200 anos do museu, isso aqui é o trabalho da vida de muita gente, são coleções zoológicas, botânicas, tudo perdido, tudo perdido! — lamentou Lilian, bióloga e pesquisadora do museu, aos prantos.

Muito emocionada, a vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Cerezo, atirou-se ao chão quando chegou ao local. Ela afirma que havia muitos produtos inflamáveis no interior do prédio.

— Tínhamos um plano para retirar essas substâncias do museu, mas infelizmente esta tragédia aconteceu antes — disse. — Estávamos trabalhando com a atualização da prevenção de incêndio, realizando treinamentos, é muito triste.

O funcionário Henrique Barbosa, que há dois anos trabalha no setor financeiro do prédio, também não conseguiu esconder a tristeza.

— Eu soube que acabou o museu! É uma comoção muito grande!

Vera Tostes, museóloga que dirige o Museu do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e já dirigiu um outro museu muito importante, o Museu Histórico Nacional, definiu a perda como incalculável:

— Eu estou arrepiada! É uma perda incalculável! Estas estruturas dos palácios mais antigos têm muita madeira. Tudo pega fogo muito facilmente. Eu estou tão emocionada que não consigo falar. Parece que atingiu a sala dos embaixadores, a parte onde ficavam as múmias... Não tem como dizer em cifras o que está acontecendo!

O Comandante do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey afirmou que cerca de 80 homens, de doze quarteis, combatem as chamas. Ele admite que a falta de pressão nos hidrantes fez diferença na tentativa de apagar o fogo. A Cedae precisou enviar caminhões-pipa para ajudar o trabalho.

— Chegaram com viaturas suficientes para o primeiro combate, mas, infelizmente, perdemos de 30 a 40 minutos de trabalho por causa disso.

Ele também falou sobre o risco de desabamento e a possibilidade da fumaça afetar animais do Zoológico do Rio.

— Os engenheiros avaliaram e nos disseram que, pelo menos na fachada, não há risco de desabamento. Sobre o zoológico, estamos em contato direto com o presidente do Rio Zoo, mas não há qualquer problema, consideramos a área distante.

A prefeitura, em nota, afirmou que colocou à disposição todos os recursos possíveis.

"Desde os primeiros momentos, a Prefeitura colocou seus principais recursos à disposição - COR, Defesa Civil, Guarda Municipal, CetRio, Comlurb e Rio Luz e outros - para ajudar no que for possível, coordenando desde o isolamento do perímetro, envio de carros-pipa e geradores de energia até o controle do trânsito no entorno".

VERBA DO BNDES PREVIA INVESTIMENTO EM PREVENÇÃO DE INCÊNDIO

Em junho deste ano, o BNDES assinou um contrato de financiamento de R$ 21,7 milhões para restauração do Museu Nacional. Uma parcela da verba deveria ser investida em segurança contra incêndio. Além disso, os recursos seriam destinados para uma reforma da biblioteca, localizada no Horto Botânico, e para a restauração de estruturas como o telhado do museu e os aposentos do imperador Dom Pedro II.

Anteriormente, em entrevista ao GLOBO, o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse que a instituição precisava de mais verbas para reformar o prédio. Antes uma vitrine do Império, o museu vinha sofrendo com goteiras, infiltrações e problemas gerais na infra-estrutura, segundo apontou relatório de 2016 da Biblioteca do Museu Nacional.

Em nota, o presidente Michel Temer se manifestou sobre o incêndio: "Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros".


Não há informação sobre feridos e ainda não se sabe o que teria causado as chamas. Nas redes sociais, pessoas publicaram fotos e vídeos do incêndio.
Museu foi criado por D. João VI

O Museu Nacional completou 200 anos em 2018. Ele foi criado por D. João VI, em 6 de junho de 1818 e, inicialmente, fiicava sediado no Campo de Sant'Ana.

O local abriga um acervo de mais de 20 milhões de itens. Os desques são a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I; a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina; as coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais; o mais antigo fóssil humano já encontrado no país.
 


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