22/07/2018 às 20h52min - Atualizada em 22/07/2018 às 20h52min

Adolescente é decapitado e esquartejado dentro de Centro Socioeducativo por membros de facção

G1
Menor foi decapitado dentro de quarto no CSE por desafetos (Foto: Arquivo pessoal)
O coronel da Polícia Militar Paulo Roberto Macedo, secretário responsável pelo sistema prisional de Roraima, disse, neste domingo (22), que a morte do interno decapitado e esquartejado dentro do Centro Socioeducativo (CSE) Homero de Souza Cruz Filho, em Boa Vista, foi um conflito entre integrantes de uma mesma organização criminosa que atua no estado.
 
“Esse tipo de acontecimento foge da [nossa] capacidade de segurança porque foi um conflito entre eles mesmos dentro do quarto [onde só havia adeptos da mesma organização]. Não foi um confronto com um grupo rival”, explica Macedo, titular da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc), pasta que administra os presídios e o CSE de Roraima.

Paulo Henrique Medeiros Soares, de 16 anos, foi decapitado e teve o braço e perna, ambos esquerdos, arrancados dentro de um dos quartos da unidade no início da noite de sábado (21), onde haviam outros 15 acolhidos, sendo todos pertencentes ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Antes do crime, os executores, que estavam no mesmo quarto da vítima, localizado no Bloco C do CSE, cantaram, bateram palmas e, durante esse "rito", mataram o adolescente de forma bárbara e cruel.

 
“Eles [internos] quebraram louças sanitárias para decapitar o menino. Turma do mal. Quando fomos descobrir, o fato [morte] já tinha ocorrido. Eles bateram palmas, cantaram, tudo para mostrar o índice de maldade”, diz Macedo, descartando a suspeita de que o menor morto fosse membro do Comando Vermelho, facção rival.
 
"Temos o maior cuidado de identificar a facção do interno que chega à unidade. Esse adolescente [Paulo Henrique] se declarou ser do 'time' do PCC. Sendo assim, foi colocado junto com o pessoal do PCC e passou sexta-feira [20]. No sábado [21] mataram ele e não sabemos o motivo. É especulação dizer que ele era do Comando Vermelho", sustenta.

Ainda conforme o coronel, foi feita uma revista horas antes do homicídio, retirando os objetos que poderiam ser usados como armas. Entretanto, os executores improvisaram objetos cortantes para matar o desafeto.
 
“As medidas [de segurança] na unidade serão as mesmas com apoio da PM. A direção do CSE tem colocado mais agentes socioeducadores no plantão da noite. E as obras de reforma dos blocos para dividir melhor os internos estão em andamento. Todos os dias faremos revistas para localizar armas que são feitas de ferro retirado da parede”, relata.

Coronel Macedo ressalta que a empresa encarregada da obra tem o prazo de 30 dias para entregar a reforma e, de acordo com ele, os serviços de reconstrução já ocorrem há duas semanas.
 
“Estamos fazendo sem pressa, porque estamos trabalhando com concreto e materiais que demoram a atingir a cura correta”, explica.

Visitas canceladas

As visitas foram suspensas na unidade após a morte do adolescente na noite de sábado (21). Segundo o Coronel Macedo, será feito um ajuste administrativo para realocar os acolhidos no sistema educativo.

 
“As visitações estão canceladas por enquanto, mas a direção do CSE continua fazendo as atividades educativas”, explica.

O secretário da Sejuc afirmou ter descartado o uso de carro-cela para separar alguns internos, após recomendações do Ministério Público Estadual e do Juizado da Infância e Juventude. Ele assegura que todos os 15 internos que estavam dentro do quarto no momento do crime são suspeitos.
 
"Foram conduzidos para delegacia [Central de Flagrantes] para prestar declarações. Foi feita perícia no local do crime para identificar a causa da morte, embora já saibamos como ocorreu", acentua.

Macedo revela que não irá isolar os internos devido à Legislação e os envolvidos na morte do menor retonaram para o quarto onde estavam. A Polícia Civil investigará o homicídio.

Esta é a segunda morte registrada este ano no CSE. A primeira ocorreu no fim de maio. Como medida de segurança, internos de facções rivais são mantidos em áreas separadas do CSE desde o ano passado.

Apesar do cuidado, o clima é de tensão e insegurança na unidade, que passa por uma reforma emergencial em razão de uma série de rebeliões registradas nas últimas semanas.


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