05/02/2018 às 16h23min - Atualizada em 05/02/2018 às 16h23min

Insegurança obriga comerciantes a contratarem pistoleiros

Correio da Paraíba
Foto: Ilustrativa
O mercado público é uma espécie de shopping center, que reúne lojas e muita mercadoria de valor num mesmo espaço. Mas, entre as diferenças entre os empreendimentos, há uma que tem tirado o sono dos comerciantes de mercados. Enquanto os shoppings dispõem de um forte esquema de segurança, que garante o sono dos lojistas após o final do expediente, nos mercados, especialmente de João Pessoa, tem comerciante deixando de dormir casa para passar a noite na loja e assim evitar ser roubado. Outros estão desistindo da atividade por não aguentar tanto arrombamento e furto de mercadorias.

Em uma visita aos principais mercados da Capital, a reportagem do Correio da Paraíba ouviu o desespero dos comerciantes que têm suas lojas frequentemente atacada por bandidos. Nenhum dos mercados visitados tem um esquema de segurança que afaste os ladrões, com exceção do mercado de Cruz das Armas, onde os comerciantes resolveram radicalizar e contrataram pistoleiros para matar os assaltantes. O resultado é que o local virou uma ilha de sossego, enquanto as lojas da vizinhança são arrombadas quase que diariamente. No geral, há muita reclamação, mas o medo faz os comerciantes preferirem o anonimato.

Segurança própria

Dos sete principais mercados de João Pessoa, visitados pela reportagem, apenas o mercado do bairro de Cruz das Armas não tem relato de roubos ou arrombamentos. E o motivo não é que exista um esquema de segurança patrocinado pelo poder público. É que lá, os comerciantes resolveram contratar pistoleiros e parar os assaltantes na bala. Eles não hesitam em dizer que pagam pessoas para matar quem roubar no mercado e alguns ladrões já partiram para o outro plano, depois de agir no mercado. “Eu mesmo já matei e mato quantos se meterem aqui”, disse um comerciante.

A medida radical foi tomada depois que os bandidos criaram uma rotina de arrombamentos, “Há quatro matadores que moram aqui na região e que são nossos amigos, mas só matam bandidos. Colocamos eles no circuito e qualquer situação aqui, como já aconteceu, bastava olhar nas imagens e dizer quem era o ladrão. No dia seguinte o ‘fulano’ tá morto. Pronto. Acabou essa história de roubo aqui dentro. Às vezes eu mesmo preciso sair pra resolver alguma coisa, deixo a porto aberta com todas as mercadorias aqui expostas e ninguém toca. Qualquer comerciante aqui pode fazer o mesmo que, na volta, encontra tudo como estava”, relatou um comerciante.

A tranquilidade no mercado de Cruz das Armas não é mesmo por falta de bandido. O local virou uma ilha de segurança. Relatos dos comerciantes são de que, nas ruas ao redor, os assaltos e arrombamentos são quase diários.

Roubos frequentes. O mercado de Mangabeira tem um histórico recheado de arrombamentos, roubos e furtos. Um dos últimos registrados, que aconteceu no final de 2017, foi contra um supermercado que ocupa vários boxes conjugados, com a entrada principal virada para foram do mercado e a porta dos fundos do lado dentro, onde se subentende ser mais seguro, já que o local é fechado por grades durante a noite, em todos os acessos. De acordo com os comerciantes, os bandidos encontraram mais facilidade em arrombar por dentro do mercado fechado de que pela porta virada para a rua e levaram mais de R$ 200 mil em mercadorias.

Os comerciantes que ainda apostam no mercado de Mangabeira decidiram se virar para dar segurança a seus boxes. Nos corredores de qualquer parte do mercado, as fachadas dos pontos estão repletas de câmeras de segurança, compradas e instaladas pelos donos. “Resolvemos botar câmera aqui há uns dois anos, porque quase todo dia quando chegávamos pra trabalhar, tinha uma parte do boxe violada. Depois das câmeras, os furtos deram uma parada boa”, contou um funcionário, que também não se identificou.

O mercado possui um sistema de câmera, além das câmeras individuais dos boxes e dois vigias. Mas o aparato não é suficiente para evitar a ação dos bandidos. No local, os comerciantes defender uma presença mais forte de uma força de segurança e sugerem o uso da Guarda Municipal, de maneira fixa dentro do mercado.


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