04/04/2024 às 07h05min - Atualizada em 04/04/2024 às 07h05min

CRUELDADE: Homem executado com a família se passou por PM e afirmou ao tráfico que era 'demolidor do batalhão'

Filipe Rodrigues, morto ao lado da família no mês passado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, se passou por um policial militar corrupto e enganou traficantes da comunidade do Castro, na mesma região. Em conversas obtidas pelo DIA, o rapaz afirma ao chefe do tráfico da localidade, Lucas Lopes da Silva, o Naíba, que era conhecido como "demolidor" do 7º BPM (São Gonçalo). Filipe, a esposa Rayssa Santos e o filho de sete meses foram mortos em uma emboscada montada por Naíba e Wesley Pires da Silva Sodré, preso nesta quarta-feira (3), durante operação da Polícia Civil. 

De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), Filipe pediu R$ 50 mil para entregar um suposto informante aos traficantes. No entanto, os criminosos descobriram que o rapaz não era militar e o mataram. "O Filipe sempre se passou por policial militar. Ele chegou a enviar pro traficante o print de uma suposta conversa entre ele e um superior da PM, mas aquele contato era do próprio Filipe e ele forjou (a conversa). Em algum ponto da negociação, os traficantes descobriram que ele não era um policial e, no entendimento deles, o Filipe seria um informante também. Por possuir conhecimento sobre o tráfico local, ele naturalmente era um risco para eles", explicou o delegado Williams Batista, titular da DHNSG.

Em um momento da conversa entre Naíba e Filipe, o traficante desconfia e questiona se o motorista de aplicativo realmente era policial. Filipe responde: "Sou soldado mano, da minha equipe quem é o mas recruta sou eu. Quem tem que resolver tudo da guarnição sou eu, a diferença que já fui envolvido em vários bagulhos, de contravenção, jogo do bicho, maquininha, os 'cara' aqui confia em mim pra lidar com o arrego. Não precisamos de apresentação formal não, irmão, o que precisamos é do papo reto um do outro, vou levar o X (informante) para vc e você vai seguir os 39 mil que tá faltando (sic)".

A polícia apurou que, no dia 15 de março, Filipe armou uma emboscada para capturar o suposto informante e Wesley teria participado da ação. Segundo as investigações, Filipe entregou dados e o endereço do infiltrado e recebeu R$ 11 mil, em duas parcelas. Ele seguiu cobrando os R$ 39 mil restantes do acordo feito com os traficantes. "Essa pessoa, pelo que apuramos até aqui, foi entregue aos traficantes. O horário, como se deu a captura da pessoa, está tudo no telefone do Filipe. A família registrou um boletim de ocorrência no mesmo dia em que esse suposto informante sumiu e existe a possibilidade dele ter sido morto", acrescentou Batista.

No dia do crime, em conversa entre Wesley e Filipe, o criminoso afirma que já está com o dinheiro e altera o local de entrega para atrair a vítima para perto da comunidade do Castro. Inicialmente, o valor seria entregue na casa do motorista. As últimas mensagens entre os dois são às 22h44 quando Filipe diz que chegou ao local combinado: "Cheguei, mano. Saiu daí ainda não?".

"O Filipe passa a cobrar do Naíba e eles ficam debatendo o pagamento do restante do valor. No domingo, fica combinado que seria pago o valor restante e o que indica até aqui é que o Wesley teria atraído a vítima para a emboscada, onde a família foi morta", ressaltou o delegado.

Filipe se identifica como demolidor do 7º BPM (São Gonçalo) - Reprodução / Arquivo Pessoal

Filipe se identifica como demolidor do 7º BPM (São Gonçalo) - Reprodução / Arquivo Pessoal


Naíba e Filipe negociam o valor para a entrega do suposto informante  - Reprodução / Arquivo Pessoal

Naíba e Filipe negociam o valor para a entrega do suposto informante - Reprodução / Arquivo Pessoal


Naíba desconfia e questiona se Filipe é realmente policial militar - Reprodução / Arquivo Pessoal

Naíba desconfia e questiona se Filipe é realmente policial militar - Reprodução / Arquivo Pessoal


Filipe afirma que é soldado da PM e diz que já foi envolvido com contravenção - Reprodução / Arquivo Pessoal

Filipe afirma que é soldado da PM e diz que já foi envolvido com contravenção - Reprodução / Arquivo Pessoal


Filipe fica cobrando o pagamento dos R$ 39 mil que faltavam do acordo  - Reprodução / Arquivo Pessoal

Filipe fica cobrando o pagamento dos R$ 39 mil que faltavam do acordo - Reprodução / Arquivo Pessoal


Filipe fica cobrando o pagamento dos R$ 39 mil que faltavam do acordo  - Reprodução / Arquivo Pessoal

Filipe fica cobrando o pagamento dos R$ 39 mil que faltavam do acordo - Reprodução / Arquivo Pessoal


Wesley diz que já está com o dinheiro e atrai Filipe para a emboscada - Reprodução / Arquivo Pessoal

Wesley diz que já está com o dinheiro e atrai Filipe para a emboscada - Reprodução / Arquivo Pessoal


Wesley diz que já está com o dinheiro e atrai Filipe para a emboscada - Reprodução / Arquivo Pessoal

Wesley diz que já está com o dinheiro e atrai Filipe para a emboscada - Reprodução / Arquivo Pessoal



Testemunhas alegam que a família estava parada em um ponto de ônibus, quando bandidos em um carro preto se aproximaram e dispararam várias vezes na direção das vítimas, que estavam em um veículo branco. O veículo ficou com diversas marcas de tiros. 

"A gente conseguiu identificar que o carro foi atingido por mais de 20 disparos. Os tiros se concentraram na parte da frente e na lateral, em dois pontos, todos eles direcionados para o motorista, que era o Filipe, como alvo principal. Foram apreendidos estojos de calibre .40 e de fuzil, o que indica dois ao menos dois atiradores", acrescentou o delegado.

O segundo criminoso, Lucas Lopes da Silva, conhecido como Naíba, é apontado como o mandante do crime e chefe do tráfico na comunidade do Castro. Ele já é considerado foragido. A instituição ainda tenta identificar quem atirou na família.


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