27/08/2017 às 10h00min - Atualizada em 27/08/2017 às 10h00min

Jurando inocência, Lula promete rever decisões de Temer caso seja candidato e eleito em 2018

Blog do Suetoni
Lula cumprimenta militantes de esquerda durante ato no Ponto de Cem Réis. Foto: Divulgação/PT
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu rever as decisões do presidente Michel Temer (PMDB), caso volte ao poder no ano que vem. As declarações foram dadas após o recebimento do Título de Cidadão Paraibano, no Ponto de Cem Réis, em João Pessoa. A capital paraibana é a primeira no périplo do petista pela Paraíba. Ele estará em Campina Grande neste domingo (26). O discurso foi acompanhado de perto pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), o principal aliado do ex-presidente na Paraíba. Lula também se disse inocente e desafiou os integrantes da operação Lava Jato a mostrarem dinheiro recebido ilegalmente por ele.

As referências ao desejo de rever as decisões do presidente Michel Temer ocorreram enquanto o petista falava do “incômodo” da elite brasileira com a projeção recente das pessoas mais humildes. Seguindo o antigo roteiro da exclusão, Lula falou sobre o pobres viajando de avião e frequentando universidades. Criticou, com mais veemência, a política de privatizações do governo federal. Falou da pressa para as privatizações, ressaltando que elas estão correndo à toque de caixa. Por fim, fez prognósticos de privatização de outras instituições públicas, a exemplo do Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES.

“Imagina. É como se o marido chegasse em casa e dissesse pra mulher que ia vender a cama e a mesa da sala”, ressaltou Lula. Ele assegura que tem havido pressa do governo por causa do risco de o petita voltar ao poder. Para completar, assegurou que há razão de ser nisso. “Se eu voltar, vou rever muita coisa do que está sendo feita”, disse, em meio a gritos do público que lotou o Ponto de Cem Réis. Apesar das alegações seguidas de que não estava havendo campanha antecipada, não foram poucas as referências eleitorais e projeções sobre o pleito de 2018.

Condenação

O ex-presidente Lula também abordou um tema espinhoso para ele: a condenação pelo juiz Sérgio Moro no caso do tríplex do Guarujá. O caso está em instância de recurso, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede Porto Alegre. O petista se disse inocente e alegou que nos processos contra ele existem provas, porém, todas elas são de que ele não tem culpa de nada. Diante disso, alegou que não ia tecer comentários sobre a operação Lava Jato. Alegou que isso caberá aos seus advogados, porém, não perdeu a oportunidade de cobrar que provem que ele recebeu dinheiro ilícito.

Lula disse ainda que termina no dia 6 de setembro a Caravana da Esperança pelos estados nordestinos. No dia 13, no entanto, terá que estar em Curitiba para novo depoimento ao juiz Sérgio Moro. Apesar de o tema contra ele ter viés jurídico, Lula aproveitou para polemizar o tema. Culpou a elite do país que ele garantiu ser a tentativa de inviabilizar sua disputa pela Presidência. Lembrou os casos de Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek. Todos, segundo ele, enfrentaram problemas com a elite. “Não tenho a vocação para Vargas”, sentenciou Lula, lembrando o suicídio do ex-presidente.

Título

A entrega do título de Cidadania ao ex-presidente foi feito pelo vereador Marcos Henriques (PT) e Ana Adelaide, que era mulher do ex-vereador Júlio Rafael (PT), falecido em 2013. Ele foi o autor do título aprovado pela Casa em 1997, portanto, 20 anos atrás. Na época, o atual governador Ricardo Coutinho (PSB), também presente à solenidade, era vereador da capital. Estiveram presentes também vereadores da capital, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) e os deputados federais Luiz Couto (PT) e Damião Feliciano (PDT). Dos deputados federais, estavam lá os socialistas Jeová Campos, Gervásio Maia e Estela Bezerra.

Houve homenagem também prestada por sindicalistas, índios tabajara e potiguara  estudantes universitárias. O repentista Oliveira de Panelas recitou o Cordel do Golpe, para falar sobre a articulação que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em vários momentos, houve quem puxasse o grito de guerra “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula…”

Campina Grande

Depois de pernoitar em João Pessoa, Lula segue para Campina Grande neste domingo. Lá, em palco montado no Parque de Bodocongó, haverá ato em defesa da democracia e da água. Depois de uma queda de braço forte entre o governo do Estado e a Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça revogou decisão do primeiro grau que impedia o fim do racionamento. A data de chegada da água, sem mais interrupções, na cidade, é este domingo. “Por grande coincidência”, é justamente quando Lula estará por lá. Veio do ex-presidente o empenho para retirar o projeto da transposição do papel. Hora de faturar.


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