17/10/2022 às 13h50min - Atualizada em 17/10/2022 às 13h50min

'RESSUSCITARAM' O HOMEM: Traficante que forjou a própria morte levava vida de luxo

Anilson Ricardo Nerys, preso em Rondônia por falsificar o próprio atestado de óbito para arquivar mandados de prisão contra ele, estava morando e tendo uma vida de luxo em Porto Velho. É o que revelou a operação Ressurreição, deflagrada nesta quinta-feira (13) pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Militar de Goiás. Via G1

A investigação contra Anilson em Rondônia começou após a PM goiana informar que um traficante líder de uma facção criminosa, o qual teria forjado a própria morte, estava comandando atividades ilícitas do grupo diretamente de Porto Velho.

Como todos os mandados de prisão contra Anilson estavam arquivados, devido a seu falso óbito, o traficante adotou uma identidade falsa e sem antecedentes criminais para andar livremente em Rondônia.

A partir disso ele construiu uma nova vida, regada a luxos. Segundo a PF, ao longo dos últimos meses o acusado comprou inúmeros veículos caros e um imóvel residencial, na área nobre de Porto Velho, avaliado em cerca de R$ 1,5 milhão.

Enquanto Anilson erguia o império luxuoso em Rondônia, sua esposa, Liamar Maria Aparecida Nerys, ficou residindo em Goiás e se apresentava publicamente como empresária. A mulher também foi presa pela operação Ressurreição nesta quinta-feira.

De acordo com a polícia, Liamar havia adquirido e reformado um salão de festas em Goiás, comprado um veículo de elevado valor — com registro no Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran) — e fazia constantes viagens à cidade de Porto Velho, juntamente com os filhos do casal.

Condenações

Anilson é condenado pelos crime de furto qualificado, homicídio, extorsão qualificada, tráfico de drogas e associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo e uso de documento falso.

Já a mulher possui registro criminal pela prática dos crimes de receptação, tráfico de drogas e associação para o tráfico, após deixar a prisão.

Investigação

Depois do Bope-RO receber a denúncia sobre Anilson, a polícia conseguiu identificar e localizar o investigado.

A partir daí, a Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito e confirmou o registro de uma certidão de óbito falsa, emitida no Pará, em dezembro de 2020 em nome de Anilson Ricardo Nerys. Com o registro do óbito, o investigado teve sua punibilidade extinta.

Foi constatado ainda que o acusado usava uma nova documentação, com registro falso.

Prisão decretada

A 4ª Vara Criminal de Porto Velho decretou a prisão preventiva do foragido da Justiça e da esposa, além de autorizar a realização de buscas em seis imóveis localizados em Porto Velho, Goiânia (GO) e Aparecida de Goiânia (GO).


Em complemento, a Justiça Estadual determinou o sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados em até R$ 9 milhões e dos veículos registrados nos nomes deles.

Anilson, diante de sua identificação e prisão, passa a ter suas condições comunicadas aos juízos responsáveis pelos processos onde era condenado e que, atualmente, se encontravam extintos em razão de sua suposta morte.

Nos próximos dias deve ocorrer o desarquivamento e continuidade das ações penais e execução das penas impostas contra o traficante.

Histórico de fugas na ficha

Adilson possui histórico de fugas de unidades prisionais em Goiás, Ceará e Mato Grosso. Em junho de 2019 ele foi preso na Bolívia e entregue às autoridades brasileiras de Corumbá (MT), de onde fugiu. Meses depois, ao ser preso novamente, foi recluso no presídio de Rondônia, de onde conseguiu fugir e estava como foragido até o registro, falso, de seu óbito.

Durante a operação desta quinta-feira (13), a Polícia Federal e o GAECO representaram pela inclusão do investigada na unidade do Sistema Penitenciário Federal.

O casal responderão, na medida de sua participação, pelos crimes:

Falsificação de documento público (art. 297 do Código Penal);
Falsidade ideológica (art. 299 do Código Penal);
Uso de documento falso (art. 304 do Código Penal);
Lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98)
As penas, somadas, podem ultrapassar 20 anos de reclusão.

Operação Ressurreição

O nome da operação "Ressurreição" faz uma alusão a descoberta do óbito falso do investigado, com o desarquivamento das ações penais anteriores e a possibilidade de sua punição pelo Estado.

A deflagração da operação teve o apoio também do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado de Rondônia (BOPE) e o Núcleo de Operações Aéreas da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (NOA/Sesdec).

Anilson e a esposa Liamar eram comparsas no crime

Anilson e a esposa Liamar eram comparsas no crime


Liamar Maria Aparecida de Almeida Nerys, esposa do traficante, era responsável por lavar o dinheiro do marido por meio da compra de imóveis, empresas e veículos de luxo. Contra ela, existem oito processos no TJGO. Ela tem passagens por tráfico de drogas, receptação e associação para o tráfico. Liamar também foi presa.

Histórico Criminal

A Polícia Militar de Goiás informou que teve seus primeiros contatos com Anilson em 2004 e 2006 com envolvimento com tráfico de drogas, e de lá para cá tem acompanhado suas ações.

Em 2014, quando estava preso em Goiânia pelos crimes de roubo e tráfico de drogas, foi resgatado por comparsas quando era transportado da colônia agroindustrial para a Penitenciária Odenir Guimarães (POG), ambas em Aparecida de Goiânia.

Em março de 2016, fugiu da Unidade prisional de Itaitinga no Ceará, fazendo um buraco na cela.

Em 2019, Anilson estava foragido morando na Bolívia, utilizando documentos falsos. Após ser preso pela polícia boliviana, foi extraditado para o Brasil e entregue à Polícia Federal, mas fugiu posteriormente do presídio do Mato Grosso do Sul. Na época, ele figurava na Difusão Vermelha da Interpol.

Anilson é responsável por grande parte do tráfico de drogas na cidade de Aparecida de Goiânia.
Em 2021, seus advogados apresentaram ao poder judiciário um atestado de óbito como sendo de Anilson, conseguindo o arquivamento de todos os processos e condenações.


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