15/07/2022 às 09h36min - Atualizada em 15/07/2022 às 09h36min

Jogador paraibano diz que foi esfaqueado pelas costas por dirigente de clube após cobrar salário atrasado

G1
Jogador João Guilherme, conhecido como Cabelinho, foi socorrido para o HGE após ser esfaqueado em Pilar, Alagoas — Foto: Reprodução/Instagram
O jogador paraibano de futebol João Guilherme Clemente da Silva, conhecido como Cabelinho, disse que foi esfaqueado pelo dirigente de futebol Anderson Salgueiro após cobrar o salário atrasado. O crime aconteceu o dia 30 de julho, antes de um treino do FF Sport, em Alagoas.

O g1 tentou entrar em contato com o clube por meio de ligação telefônica, mas até a última atualização desta notícia, não teve retorno.

O jovem, de 21 anos, explicou que o acordo era que o clube o pagasse um salário de R$ 1 mil. Após o primeiro mês, ele teria recebido apenas metade do pagamento, ou seja, R$ 500.

Antes de ser esfaqueado, ele teria se envolvido em uma discussão com o dirigente, que o impediu de treinar. Por isso, ele teria cobrado o restante do salário. Após a cobrança, Anderson teria esfaqueado João Guilherme.

João Guilherme  - "Pegou a faca e veio por trás de mim", diz Cabelinho, jogador paraibano que foi esfaqueado por dirigente de clube após cobrar salário atrasado

João Guilherme - "Pegou a faca e veio por trás de mim", diz Cabelinho, jogador paraibano que foi esfaqueado por dirigente de clube após cobrar salário atrasado


“Quando ele me proibiu de ir treinar, eu desci do ônibus e cobrei meu salário. Quando eu falei assim ‘então pague meu salário porque você fez trato com um homem não com uma criança’, ele saiu correndo, pegou a faca e veio por trás de mim. O pessoal mandou eu correr, porém eu caí quando corri, aí ele me deu os golpes de faca”, relatou.

Os R$ 500 que faltavam do primeiro salário e o segundo pagamento no valor de R$ 1.000 foram feitos pelo clube após o crime, segundo informou o jogador.

De acordo com os relatos das testemunhas à polícia, a briga começou porque o jogador teria desobedecido a ordem do dirigente para que os atletas não deixassem a pousada na noite anterior ao crime, já que deveriam estar concentrados para treinar na manhã seguinte.

“A ordem foi ignorada pelo João Guilherme [Cabelinho], que foi para um show. De manhã, Anderson mandou João Guilherme [Cabelinho] descer do ônibus que iria para o treinamento. Após essa ordem, o atleta ficou com ironia e o dirigente perdeu a cabeça e partiu para agressão”, explicou o chefe de operações do 23º Distrito Policial de Pilar, Wilson Vasconcelos.

Jogador diz que não recebeu assistência do clube e ainda não voltou a um cirurgião

Cabelinho passou por uma cirurgia na região do tórax depois que foi esfaqueado. Após receber alta do hospital onde foi atendido em Alagoas, ele voltou para a casa da família em Mogeiro, na Paraíba, onde mora com a mãe e mais dois irmãos.

Desde então, fora o salário, o jogador disse que não recebeu assistência do clube. Como o valor foi usado com despesas médicas e alimentação básica, ainda não conseguiu voltar a um cirurgião para revisar o procedimento pelo qual passou. Foi apenas a uma unidade básica de saúde, onde reclamou da dor que sente. O time também não deu suporte financeiro para a compra dos medicamentos.

“Estou me recuperando lentamente. Faz alguns dias que não durmo de tanta dor na coluna”, contou com a voz fraca e ainda debilitado.

O atleta espera conseguir uma consulta com um cirurgião que atenda pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para prosseguir com o tratamento. Ele disse também que deve passar pelo menos seis meses longe dos gramados.

Polícia divulga foto do gerente de futebol Anderson Salgueiro, suspeito de esfaquear o jogador João Gulherme, do FF Sport, clube do Pilar, AL — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Polícia divulga foto do gerente de futebol Anderson Salgueiro, suspeito de esfaquear o jogador João Gulherme, do FF Sport, clube do Pilar, AL — Foto: Divulgação/Polícia Civil


Gerente de futebol que esfaqueou jogador se entrega à polícia e é preso

O gerente de futebol Anderson Salgueiro se entregou à polícia na Delegacia de Pilar, cidade em que aconteceu o crime. Ele era considerado foragido e tinha dois mandados de prisão em aberto.

"Ele confessa ter praticado a tentativa de homicídio e alega que praticou em virtude de o Cabelinho ter jogado um copo de café no rosto dele e ter informado que ele teria que pagar. Ele entendeu que isso seria uma ameaça, foi até a cozinha, pegou uma faca e efetuou golpes contra o Cabelinho", disse ao g1 o delegado Ronilson Medeiros, responsável pelas investigações.

O dirigente ainda será ouvido formalmente no inquérito. O delegado disse ainda que, além do mandado de prisão pela tentativa de homicídio, existe um outro mandado em aberto contra ele de um roubo praticado em Pernambuco.

Após o depoimento, Salgueiro foi encaminhado para a Central de Flagrantes e depois para o sistema prisional.


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