26/11/2021 às 12h40min - Atualizada em 26/11/2021 às 12h40min

Nova variante preocupa OMS e países fecham fronteiras

A nova variante do coronavírus, encontrada na África do Sul, é motivo de preocupação entre cientistas e autoridades, que começam a bloquear as fronteiras para evitar a propagação da cepa. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a B.1.1.529 é a variante mais "significante" detectada até agora e tem alto potencial de propagação.

A variante tem uma proteína de espigão diferente daquela do coronavírus original, na qual se baseiam as vacinas contra covid-19. Isso aumenta a preocupação de que a B.1.1.529 possa "escapar" da proteção dos imunizantes. A Bélgica detectou hoje o primeiro caso da nova variante na Europa.

Segundo a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, a cepa também foi identificada em Botswana e Hong Kong.

David Nabarro, enviado especial da OMS para o combate ao coronavírus, disse ser "apropriada" a preocupação sobre a nova variante. "Vou te dizer o porquê: o vírus parece ter uma capacidade maior de escapar das defesas que todos nós construímos como resultado das vacinas que recebemos desde o início deste ano", afirmou em entrevista à BBC.

Hoje, os especialistas da OMS se reúnem para discutir a nova variante e definir um nome, mas a agência adiantou que demorará "várias semanas" para entender melhor o impacto da cepa e determinar sua virulência.

A variante B.1.1.529 tem um número "extremamente alto" de mutações e potencial "muito alto" de disseminação, estimou o virologista brasileiro Tulio de Oliveira, que mora na África do Sul e é diretor do Krisp, um centro especializado no estudo do coronavírus em Durban, onde foi descoberta a variante beta em 2020.

A África do Sul, que é o país mais afetado pelo vírus no continente, registrou 22 casos da variante, principalmente em jovens. Em todo o continente africano, apenas 7% dos 1,3 bilhão de habitantes estão totalmente vacinados.

Agora, a Europa se apressa para bloquear as fronteiras e impedir o avanço da variante, mas um epidemiologista da Universidade de Hong Kong disse que já pode ser tarde demais para endurecer as restrições de viagem.

Temos que admitir que muito provavelmente este vírus já está em outros lugares. Então, se não fecharmos a porta agora, provavelmente será tarde demais.
Ben Cowling, epidemiologista da Universidade de Hong Kong

O coronavírus provocou mais de 5,16 milhões de mortes em todo o mundo desde que foi descoberto na China no final de 2019, embora a OMS considere que os números reais podem ser muito maiores.

Autoridades globais reagiram com alarme à nova variante do coronavírus detectada na África do Sul. União Europeia e Reino Unido anunciaram controles de fronteira mais rigorosos, enquanto cientistas tentam determinar se a mutação é resistente a vacinas.

O Reino Unido pediu que os britânicos que estejam voltando da África e de locais próximos entrem em quarentena.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, recomendou hoje a suspensão de todos os voos para países afetados da África e citou um "freio de emergência" a ser que implementado na União Europeia.

Segundo ela, a medida ajudará a "limitar a disseminação" da variante. A Europa, que já superou 1,5 milhão de mortos na pandemia, vive há semanas um preocupante aumento dos casos de covid-19.

A Índia também proibirá voos da África do Sul e de países vizinhos.

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma nota técnica, hoje, recomendando que o governo adote medidas de restrição para viajantes e voos vindos de seis países da África em razão da identificação de uma nova variante do novo coronavírus no continente, mas o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) resiste a levantar barreiras sanitárias.

Hoje, em conversa com apoiadores, Bolsonaro afirmou "que está vindo uma nova onda de covid", mas rebateu a sugestão de um apoiador para o "fechamento" de aeroportos do Brasil.

"Tem que aprender a conviver com o vírus", repetiu o presidente, que classificou a sugestão do apoiador como "loucura".

Com a demora para a compra de vacinas e falta de coordenação nacional, o Brasil registrou 613.697 mortes por covid-19 desde o início da pandemia, em março de 2020. Os dados foram obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de Saúde.

*Com Reuters e AFP

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