14/06/2021 às 05h58min - Atualizada em 14/06/2021 às 05h58min

De pedreiro a bandido sanguinário: Ecko promovia orgias com prostitutas de outros estados; confira

Metrópoles
A Polícia Civil do Rio segue reunindo provas das ações criminosas e de ostentações promovidas pelo miliciano Wellington da Silva Braga, o “Ecko”. A morte do criminoso, segundo a polícia, facilita o acesso a testemunhas antes ameaçadas pelo paramilitar. Entre os depoimentos já colhidos está o de uma garota de programa gaúcha, que contou à polícia ter ido ao Rio exclusivamente para prestar serviços sexuais ao chefão e seus comparsas.

Segundo a prostituta, Ecko contratava agenciadores para promover orgias com diversas mulheres trazidas de outros estados, como revelou o Extra. Elas se hospedavam num apart-hotel na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio, e só saiam para os encontros — que podiam custar até R$ 2 mil por noite, dependendo da quantidade de homens com quem cada mulher teria de se relacionar. As festas aconteciam em sítios afastados, de Santa Cruz ou Itaguaí.

Agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) e os outros agentes que participaram da ação vistoriaram minuciosamente a casa onde Ecko foi morto. Eles encontraram, por exemplo, a joia que seria dada pelo criminoso a sua mulher no dia dos namorados.

Na manhã desse sábado, o governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que a força-tarefa já prendeu quase 700 milicianos e bloqueou R$ 1,5 bilhão das quadrilhas.

A força-tarefa já identificou três nomes de possíveis sucessores do Ecko. Agora, a polícia se prepara para combater uma intensa disputa pela liderança do crime organizado na cidade, em especial na zona Oeste, reduto de Ecko.

Às vésperas da ação que resultou em sua morte, quatro equipes policiais ficaram concentradas em diferentes locais da comunidade. Elas aguardavam a chegada do alvo na casa da esposa por conta da data comemorativa. Ecko entrou na residência por volta das 5h. Ao todo, 21 policiais estiveram na ação com apoio de dois helicópteros. “O efetivo foi reduzido para não vazar e ele fugir. Foi um cerco planejado”, explica o diretor de polícia especializada, delegado Felipe Curi.

O policial conta que o miliciano tentou fugir quando ouviu o helicóptero. Cercado e armado, acabou baleado. “Durante o trajeto da van para o helicóptero, ele tentou tirar a arma da policial feminina e recebeu outro tiro”, esclareceu Curi, por conta de fotos vazadas nas redes sociais. Nas imagens, o miliciano aparece com um tiro quando estava em casa e duas perfurações quando já estava no hospital.

Além do fuzil, a polícia também apreendeu uma farda, com colete, que seria de um policial identificado como capitão Braga, e a joia.

De acordo com o delegado Thiago Neves, da subsecretaria de inteligência, a ação confirma e permite a identificação de policiais envolvidos no esquema criminoso. No entanto, ele diz que não há qualquer indício de envolvimento de políticos e parlamentares com Ecko.

Resgate

Outro ponto polêmico da ação foi o socorro ao miliciano, que foi levado de helicóptero para o Hospital Miguel Couto, distante pelo menos 70 quilômetros do local onde o Ecko foi baleado – na região, há pelo menos três grandes emergências e sete UPAs.

“Por questão de segurança, também não se pode levar um criminoso desse porte para hospital local, evitando tentativa de resgate. Fui baleado perto dali e meu socorro foi igual. Até porque há serviço de saúde no heliponto da polícia, na Lagoa, que aciona os bombeiros para o transporte ao hospital. Fizemos tudo dentro do protocolo dos bombeiros”, garantiu Rodrigo Oliveira.
De pedreiro a bandido sanguinário
Antes servente de pedreiro, Wellington da Silva Braga herdou a chefia da milícia “Liga da Justiça”, que atua na zona oeste do Rio, do irmão Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em 2017. Na extensa ficha criminal de Ecko, são atribuídos crimes como homicídio, extorsão e organização criminosa.

Segundo investigações que incluíram o Ministério Público, Ecko era ligado também ao miliciano Adriano da Nóbrega, ex-PM, fundador do “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel. Adriano foi morto no ano passado na Bahia. Ecko era um dos bandidos mais procurados do Rio, e o Disque-Denúncia oferecia R$ 10 mil por informações que o levassem à prisão.


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