O Ibovespa, que segue uma trajetória negativa desde o início das negociações nesta segunda-feira (08), acelerou a queda após a notícia de que o ministro Edson Fachin anulou todas os atos processuais envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato da vara federal de Curitiba.
Por volta das 15h55, o principal índice da bolsa recuava cerca de 3,14%, aos 112.118, na mínima do dia. O dólar à vista também acelerou a sua alta a 1,70%, aos R$ 5,7801.
Por volta das 15h30 o ministro Fachin declarou que a vara federal de Curitiba incompetente no caso das condenações de Lula, anulando as decisões sobre o Sítio de Atibaia, triplex do Guarujá e a sede do Instituto Lula. Com isso, Lula volta a ser um candidato elegível.
Segundo analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, a decisão vem para agravar um cenário que já não estava favorável à tomada de risco, já que o agravamento da pandemia e a situação fiscal do país seguem ancorando os ganhos.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressalta que a decisão do ministro Fachin vem para agravar o cenário, colocando a insegurança jurídica do país em pauta e antecipando os debates sobre as eleições de 2022.
"Isso aumenta a percepção de risco porque a depender de como for conduzida toda essa situação teremos mais um obstáculo para a tramitação de matérias importantes dentro do Congresso Nacional"
Bruno Madruga, sócio da Monte Bravo Investimentos, completa que a decisão pesa sobre o Risco-País. Após a decisão, os juros futuros aceleraram a alta, assim como o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos, um dos principais indicadores do risco-país, que operam em alta de quase 2%. Confira as taxas de hoje dos contratos futuros de DIs:
Como a decisão foi monocrática, ou seja, feita por um único magistrado, ainda cabe recurso. A probabilidade é que a Procuradoria Geral da República (PGR) recorra para que o caso seja apreciado de forma colegiada pelo Superior Tribunal Federal (STF).
Para Luciano França, gestor da Avantgarde Asset Management, a reação do mercado é mais pautada em ruídos e emoções. Para França, não deve haver impactos significativos no cenário de investimentos até que a decisão seja feita pelo colegiado. Outro gestor ouvido pelo Seu Dinheiro afirmou que a reação do mercado pode ser lida também como uma "reação política aos desmandos do atual governo".