14/04/2017 às 23h12min - Atualizada em 14/04/2017 às 23h12min
Avó é condenada a prisão perpétua após aterrorizar neta com disfarce de bruxa
O Globo
Uma mulher da cidade americana de Oklahoma, nos EUA, foi condenada a passar a vida na prisão por agredir física e psicologicamente sua neta de 7 anos. A avó, Geneva Robinson, de 51 anos, se vestia de uma personagem criada por ela, a bruxa "Nelda", e aterrorizava a criança com sustos, tapas, chutes, beliscões, queimaduras e outros tipos de tortura. Geneva chegou a bater na menina com chicote e cortar seu cabelo enquanto ela dormia. O namorado da avó, Joshua Grander, de 33 anos, também participava das agressões, em geral se fantasiando de outro personagem assustador, um demônio chamado "Coogro". Ele também foi condenado à prisão, com uma sentença de 30 anos.
Os promotores do caso alegaram que era comum o casal usar esses trajes para assustar a menina, que foi impedida de frequentar a escola junto com seus três irmãos — eles também moravam com ambos os réus. Os abusos em relação à menina incluíam o uso de uma coleira de cachorro para pendurar a vítima pelos braços no teto da garagem e chicoteá-la.
A menina também foi forçada a dormir alguns dias do lado de fora da casa, com os cães, além de não ter sido alimentada adequadamente, relataram os promotores. Isso aconteceu entre junho e setembro de 2014, depois que os pais das crianças se separaram e os pequenos foram morar com a avó.
A prisão perpétua foi a sentença escolhida pela juíza de distrito Michele McElwee. Em meio à explanação do caso, a promotora distrital Merydith Easter destacou para a juíza que a vítima viveu durante esse período em uma "casa dos horrores".
— O que ela [Geneva] fez foi horrível e afetará para sempre esta criança e seus irmãos. — dsse a promotora. — Ela merece a mesma quantidade de misericórdia que mostrou a essa criança, o que quer dizer nenhuma.
Segundo Merydith, a menina soube pela avó que "bruxas e criaturas do mal viviam no sótão" e que a bruxa Nelda "comia criancinhas com garfo e faca".
Antes de anunciar sua decisão, a juíza apresentou à Corte duas fotos da vítima: uma antes do abuso e outra, depois. A foto tirada antes do abuso, quando a vítima tinha 5 anos, mostrou a menina com uma cabeleira vasta, um grande sorriso e "olhos cintilantes", disse a juíza Michele McElwee. A foto tirada após o abuso mostrou a criança com um corte de cabelo sem forma, sem sorriso e com o corpo coberto de contusões e bolhas.
— Você sabe o que morreu? Aqueles olhos brilhantes de uma menina inocente — afirmou a juíza à avó, no tribunal.
Geneva disse à juíza que ela atualmente recebe tratamento e toma medicação para transtorno bipolar e esquizofrenia. A advogada de defesa, Tanya Jones, acrescentou à juíza que a avó não tinha recursos para "controlar" a criança.
— Ela entende que foi longe demais — disse a advogada, completando ainda que a Geneva teria cuidado da menina "com punhos de ferro" porque a própria a avó cresceu em uma época na qual a "disciplina física" era comum.
A avó foi detida pela polícia pela primeira vez depois que ela levou a menina desnutrida para um hospital em setembro de 2014, alegando que "não podia controlar" a criança, informou a polícia.
De acordo com os promotores, o pai das crianças — filho de Geneva — acreditava que ela já não fazia mais a "coisa da Nelda" e que ela estivesse tomando medicação. Os promotores planejam, para um próximo julgamento, colher depoimentos dos filhos adultos de Geneva, que também teriam sido abusados por "Nelda" quando crianças, mostram documentos.