Pouco depois de prestar depoimento no Palácio de Justiça, em Assunção, Ronaldinho Gaúcho foi detido na noite desta sexta-feira por autoridades paraguaias, junto com seu irmão, Roberto de Assis, pelo uso de carteiras de identidade e passaportes adulterados no país. Os dois vão passar a noite em uma cela da Agrupación Especializada da Polícia Nacional, uma instalação anteriormente usada como cadeia comum mas que atualmente recebe apenas alguns presos de maior relevância.
Em 2018, o traficante brasileiro Marcelo Pinheiro da Veiga, o Marcelo Piloto, que já foi o número 2 do Comando Vermelho, ficou detido lá. Também estiveram presos no local o deputado paraguaio Miguel Cuevas e o ex-presidente do Sportivo Luqueño, Ramón González Daher.
A Justiça paraguaia decidirá neste sábado se revoga o pedido de prisão preventiva ou se os dois brasileiros permanecerão detidos no país. O advogado dos dois irmãos, Adolfo Marin, deixou a cadeia no fim da noite, mas não deu detalhes da situação:
– Ele (Ronaldinho Gaúcho) colaborou desde o primeiro momento – afirmou o advogado paraguaio, que foi breve também ao falar sobre a possibilidade de saída da prisão. – Não temos comentário a fazer sobre isso, amanhã vamos saber.
Ronaldinho Gaúcho e Assis prestaram depoimento nesta sexta-feira. A audiência com o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de Assunção, durou cerca de seis horas. Depois de ouvi-los, o magistrado disse que não aceitou a tese do Ministério Público do Paraguai, que considerava os dois brasileiros livres de qualquer risco de processo por terem colaborado com a investigação. Valinotti decidiu dar dez dias de prazo para o MP investigar o caso e dar seu parecer definitivo.
Apesar da decisão de Valinotti, Ronaldinho e Assis não tinham, naquele momento, impedimento legal para deixar o Paraguai, e planejavam voltar para o Brasil na madrugada deste sábado. No entanto, após o pedido do juiz Valinotti, o MP paraguaio decidiu solicitar a detenção dos dois irmãos, para impedi-los de deixar o país.
Os dois irmãos tiveram os documentos retidos na quinta-feira, um dia depois da chegada ao Paraguai para participar de eventos promocionais. De acordo com o Ministério Público paraguaio, o uso de documentos públicos com conteúdo falso pode levar a uma pena de cinco anos ou multa. No entanto, o MP entendeu que Ronaldinho e Assis deram vários dados relevantes à investigação, quando ele e Assis admitiram o erro pelo uso dos documentos.