08/11/2019 às 20h24min - Atualizada em 08/11/2019 às 20h24min

Bolsonaro mantém silêncio após justiça soltar Lula

Após a Justiça determinar a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Jair Bolsonaro manteve silêncio sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal ( STF ) que mudou o entendimento sobre prisão após condenação em segunda instância. Apesar da previsão de entrevistas para a imprensa, ele não falou com os repórteres. Nos bastidores, Bolsonaro tem demonstrado preocupação que qualquer manifestação sua possa ser encarada neste momento como uma afronta à Corte.

No momento em que começou a circular a notícia de que o alvará de soltura havia sido expedido, o presidente participava de um evento de entrega de ônibus escolares, em Goiânia. A decisão do juiz Danilo Pereira Junior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, em favor de Lula saiu às 16h16. Pouco depois, no Estádio Serra Dourada, às 16h23, enquanto o governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) discursava, o assessor especial da Presidência, Célio Faria, se dirigiu a Bolsonaro e mostrou o celular.

O presidente colocou os óculos para ler algo e fez um comentário com o assessor. Pouco depois, Bolsonaro falou ao ouvido do ministro da Educação, Abraham Weintraub, abaixou a cabeça e olhou para frente. Faria, que já  havia se sentado, então voltou para falar novamente ao presidente, que reagiu sinalizando negativamente com a mão.

Logo em seguida, Bolsonaro discursou por quase 8 minutos, mas não fez nenhuma referência ao assunto. O presidente se concentrou em elogiar a iniciativa da entrega dos ônibus escolares e voltou a falar que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deve ter questões de ideologia de genêro ou política.

Após o encerramento da cerimônia, havia a previsão de que Bolsonaro concedesse uma entrevista coletiva. Jornalistas foram posicionados e avisados pela equipe de comunicação do Palácio Planalto que três perguntas poderiam ser feitas. O presidente, no entanto, foi embora  sem dar declarações, surpreendendo os funcionários do governo.

O presidente seguiu direito para a inauguração do escritório político do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO),  localizado a cerca de 5 quilômetros do estádio.  Ao chegar no local, sem estar acompanhando por repórteres, o presidente desceu do carro e acenou por apoiadores que o chamavam de "mito" e pegou uma criança no colo.

A assessoria do parlamentar havia informado que dentro do escritório teria uma estrutura para receber a imprensa e adiantou que havia a previsão de uma coletiva com Bolsonaro e o Major Vitor Hugo.  Entretanto, jornalistas não puderam entrar no local e, mais uma vez, Bolsonaro saiu sem dar declarações. Eram quase 17h30.  Lula deixou a prisão em Curitiba às 17h34.

Pela manhã, ao deixar o Palácio do Alvorada, Bolsonaro perguntou o que eles queriam falar, mas ao ser questionado sobre a decisão do STF, entrou no carro. Ele seguiu para a formatura de Policiais Federais, mas também não mencionou o tema.

Na noite desta quinta-feira, o STF decidiu que réus têm o direito de responderem seus processos em liberdade até que os recursos sejam exauridos. Em 2016, o tribunal permitira a possibilidade de prisão após duas condenações, a chamada execução provisória da pena.

O Globo

 


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