27/07/2019 às 11h06min - Atualizada em 27/07/2019 às 11h06min

VÍDEOS: PM pede imagens de câmeras para identificar militares com prostitutas em viaturas

Metrópoles
A Corregedoria-Geral da Polícia Militar requisitou as imagens captadas por câmeras de monitoramento que cercam a Alfa Pub, boate de prostituição situada no Setor Hoteleiro Sul. A Divisão de Investigação Criminal da corporação oficiou o hotel onde o estabelecimento funciona, na tarde dessa sexta-feira (26/07/2019), e exigiu a entrega dos vídeos que registraram o movimento na casa de show entre os meses de maio e julho deste ano. Por meio da Promotoria Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios anunciou que acompanhará com lupa as apurações conduzidas pela PMDF.

A mobilização do comando da PMDF e do MPDFT deu-se após o Metrópoles revelar, nessa sexta-feira (26/07/2019), que homens fardados davam carona a prostitutas e chegaram a deixar a boate com sacolas de cerveja. A intenção, com a análise do material, é identificar os prefixos das viaturas e, de acordo com o horário das irregularidades praticadas, apontar e punir os PMs responsáveis pela conduta imoral para agentes a serviço da lei.

Durante quatro meses, a reportagem flagrou a íntima relação de policiais militares com proprietários e funcionários da casa noturna, bem como com as prostitutas que frequentam o local. No decorrer das campanas, feitas entre abril e julho, foi possível observar que, semanalmente, grupos de PMs dirigem-se ao estabelecimento. Alguns, inclusive, chegam a passar até três horas dentro do prédio.

No período, pelo menos 13 viaturas de diferentes prefixos transportaram mulheres que trabalham na casa de shows após as noitadas. Pagos para combater práticas criminosas, policiais tinham o hábito de marcar presença na boate sempre entre 23h30 e 3h30, quando o movimento de pessoas é reduzido nas ruas do Setor Hoteleiro. O modus operandi era semelhante em todas as situações flagradas: dois ou três militares ficavam na porta principal da Alfa Pub, conversavam com os seguranças e entravam.

Fiscalização

Responsável pela fiscalização de alvarás, a Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, o DF Legal, verificou suposto erro na licença da Alfa Pub. A pasta oficiará a Administração Regional de Brasília a fim de obter informações sobre a suposta inconsistência de dados referentes à data e ao horário de funcionamento descritos na autorização. Sabe-se que a boate abre às terças, quartas e quintas-feiras, sempre das 21h às 3h.

De acordo com advogados do hotel onde a casa noturna está situada, a licença só permite que o espaço seja aberto aos domingos, das 7h às 3h. “Os dias e horários de funcionamento deles são diferentes do informado no alvará, tanto que a diligência a que temos cópia e onde foi apresentada o alvará acabou realizada em dia diverso do constante no documento”, explicaram, por meio de nota.

Também mediante nota, o DF Legal garantiu reforço na fiscalização do estabelecimento. “Caso seja confirmado que o horário e dia de atividades estão limitados a domingo, as equipes do DF Legal retornarão ao local a fim de notificar o proprietário da impossibilidade de funcionamento em dias diversos do licenciado”, diz o texto.

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), reprovou a atitude dos envolvidos e cobrou providências. “Já determinei ao secretário de Segurança que acompanhe todo o procedimento. Peço aos policiais e aos bombeiros, que são bem remunerados, que chega dessa história de corrupção. Principalmente em áreas tão sensíveis. Prostituição acaba com a imagem de uma cidade e, com apoio de autoridades, a coisa fica bem pior”, disparou o chefe do Executivo distrital.

Cigarros de maconha

Uma das cenas a despertar repúdio do titular do Palácio do Buriti foi flagrada na madrugada de quinta-feira (25/07/2019), por volta das 2h. Do lado de fora da Alfa Pub, algumas prostitutas fumavam cigarros de maconha. Instantes depois, uma viatura da PMDF se aproximou, mas não para repreender o grupo por uso de entorpecentes. Sem demonstrar preocupação com a presença de representantes do Estado, uma das garotas apagou o baseado, enquanto outra seguiu em direção ao veículo. Após um rápido bate-papo, a mulher entrou no carro e foi embora com os militares.

Sacolas de cerveja
Na noite do dia 7 de julho, a movimentação de policiais militares foi intensa na boate. Câmeras do circuito de segurança registraram os passos dos PMs. Em uma viatura, eles apareceram às 23h25 e foram recepcionados por um dos donos da casa noturna. O empresário chegou a se debruçar na janela do carro plotado com as cores da instituição. Ele cumprimentou amistosamente os agentes a serviço da lei. Após breve diálogo, a guarnição seguiu para outro destino, mas não demorou a voltar. Às 23h56, a mesma viatura estava novamente no local. Perto da meia-noite, a equipe fardada e armada entrou na boate e saiu somente 38 minutos depois.

Embora na parte externa da Alfa Pub, a dupla de PMs permaneceu nas imediações conversando com funcionários até 0h43. Nesse horário, os militares acabaram convencidos por um dos proprietários da casa de shows a irem até aos fundos do estabelecimento verificar câmeras instaladas. Com o auxílio de uma lanterna, observaram cada uma delas, como se procurassem por alguém nas imagens. Pouco tempo depois, retornaram para o interior da boate. Ambos deixaram o recinto à 0h54, mas continuaram conversando com empregados na porta até 1h36, horário em que finalmente decidiram patrulhar outro ponto do Plano Piloto.

Em novo episódio flagrado pela reportagem, PMs entraram na Alfa Pub à meia-noite e ficaram mais de três horas. Em junho, dois policiais fardados cruzaram a porta da casa noturna às 1h10 e deixaram o local 18 minutos depois carregando sacolas com cervejas.

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