13/07/2019 às 11h53min - Atualizada em 13/07/2019 às 11h53min

Menina que fugiu de casa, foi 'adotada' por criminoso e virou soldado do tráfico aos 17 anos

Extra.Globo
Em 2014, quando ainda tinha 12 anos, X. saiu de casa, na Favela do Mandela, na Zona Norte do Rio, e não voltou mais. Na ocasião, parentes da menina foram à 21ª DP (Bonsucesso) registrar o desaparecimento. Ainda nessa mesma época, X. passou a ser vista frequentemente por moradores da Ladeira dos Tabajaras, na Zona Sul, a 11km distância de casa, no baile funk da favela. Na época, a adolescente já fumava maconha.

Na última quarta-feira, X. — hoje com 17 anos — foi apreendida numa operação conjunta da 12ª DP (Copacabana) e da UPP Tabajaras. A adolescente foi detida junto com outros quatro comparsas numa casa na Ladeira dos Tabajaras usada pelo tráfico para armazenar e preparar drogas. No local, foram apreendidos 84 papelotes de cocaína, cápsulas para acondicionar a droga e duas balanças de precisão.
X. com o colar de um gerente do tráfico na favela

X. com o colar de um gerente do tráfico na favela

Entre a fuga de casa e a apreensão, uma história de ascensão no mundo do crime. A primeira relação de X. com o tráfico foi, segundo moradores da favela da Zona Sul, a de usuária.

— Ela vinha para a favela curtir o baile e comprava maconha. Assim, começou a conhecer os traficantes — conta um morador.
X. na garupa da moto de um traficante

X. na garupa da moto de um traficante

As idas esporádicas passaram a se tornar cada vez mais frequentes. Até que a adolescente abandonou o estudo — ela frequentou a Escola Municipal Alencastro Guimarães, em Copacabana — e passou a vender drogas.

Na favela, X. foi “adotada” por um gerente do tráfico, Antônio Auricélio de Carvalho, o Auri Mete Bala. Graças à proximidade com o chefe, passou a portar armas e foi promovida a “soldado”. Uma foto obtida pelo setor de inteligência da UPP mostra a adolescente na garupa da moto de Auri, com uma pistola na cintura. Em outro registro, a menina posa na favela com um colar de ouro usado por Auri, decorado com a letra A.

— Até traficantes mais velhos prestam reverência a ela. Na carceragem, ficavam perguntando se ela estava com fome e frio — conta a delegada Valéria Aragão, titular da 12ª DP.
Os presos durante a ação de quarta-feira

Os presos durante a ação de quarta-feira

Incêndio e tentativa de fuga do Degase

Não é a primeira vez que X. foi detida pela polícia. Apesar da idade, a adolescente tem ficha criminal extensa: roubo qualificado, tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e resistência à prisão. Sua última passagem pela polícia aconteceu em 2018, quando estava apreendida numa unidade do Departamento Geral de Ações Socioducativas (Degase), na Ilha do Governador.

Na ocasião, X. e outras adolescentes elaboraram um plano de fuga: colocaram cobertores num corredor da unidade e atearam fogo para despistar os agentes socioeducativos. Todas as jovens foram contidas e levadas à delegacia, onde foi feito um registro de ocorrência por incêndio e motim de presos. Menos de um ano depois, a adolescente já estava posando para fotos portando um fuzil na favela.

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