08/05/2019 às 23h10min - Atualizada em 08/05/2019 às 23h10min

'Só notei que estava grávida quando dei à luz meu bebê no banheiro de casa'; entenda o caso

Da BBC

A maioria dos pais e mães costuma ter cerca de nove meses de preparativos para a chegada de seu bebê. Algumas raras gestações, porém, são chamadas de silenciosas: as mães não sabem que estão grávidas.

Em alguns casos, associados a períodos de estresse, as mulheres não sentem (ou não percebem) os sinais tradicionais de grande parte da gravidez. Em outros, só descobrem a gravidez quando já é hora de dar à luz.

Foi o que aconteceu com a britânica Klara Dollan, que em 1º de fevereiro de 2016 saiu para trabalhar em uma manhã como qualquer outra e terminou o dia no hospital depois de ter dado à luz em seu próprio banheiro.

Ela contou sua história à BBC Radio 5:

"Era uma manhã de segunda-feira. Acordei às 4h com as piores cólicas menstruais que já havia tido na vida. Eu vinha tomando pílula anticoncepcional por seis meses, sem interrupção, e achei que era a minha menstruação que estava vindo. Pensei: por que justamente no primeiro dia do meu emprego novo?

Minha mãe me deu paracetamol e disse que estava na hora de eu ir trabalhar, que eu não poderia deixar de ir no meu primeiro dia. As dores eram lentas e duravam cerca de meio minuto. Era estranho, não era parecido com nada que eu já tivesse sentido; eu estava suando sem parar.

Quando cheguei ao escritório, a dor tomou conta de mim - a ponto de eu quebrar uma caneta com os dentes. Disse à minha superiora que precisava ir embora porque não estava me sentindo bem.

Cheguei em casa e não consegui encontrar a chave da porta na bolsa, então tive de chamar um chaveiro. Fiquei caminhando, para ajudar a diminuir a dor.

Tudo começou a passar pela minha cabeça. Comecei a calcular datas e pensei, 'espera, isso é impossível, eu teria de estar grávida de nove meses'. O chaveiro chegou, e àquela altura eu já estava desesperada. Ele precisou arrombar a minha porta; eu entrei em casa e fui para a cama, de pijamas. Mas só me sentia confortável no banheiro.

As dores começaram a ficar mais frequentes e eu comecei a gritar. O zelador do prédio ouviu meu pedido por uma ambulância: 'tem algo seriamente errado comigo!'.

Àquela altura, eu estava sangrando, e muito. Ele (zelador) não sabia o que fazer, então bateu na porta da vizinha, que trabalha em casa. Eu nunca tinha visto ela antes. Ela entrou no meu banheiro, e eu estava seminua no vaso. Eu disse que achava que estava tendo um aborto espontâneo.

Foi quando o meu corpo começou a trabalhar sozinho. Fiz força duas vezes e vi uma cabeça aparecer. Meu corpo me dizia para fazer força, para empurrar a dor. E assim nasceu a minha filha, Amelia. Ela nasceu a termo (gestação completa), berrando. Ela chorava, e eu também.

Eu estava destroçada. As pessoas se preparam para se tornarem pais, mas eu só tive dois segundos para entender o que estava acontecendo comigo e o que fazer. Até pensei em esconder tudo, como se nada tivesse acontecido. Nada estava claro na minha cabeça.

A ambulância chegou, e quatro paramédicos entraram no meu banheiro minúsculo. Eles levaram a bebê para examiná-la, limparam-na um pouco e cortaram o cordão umbilical. Ela nasceu com 3,2 kg. Fomos levadas em duas ambulâncias para o hospital.

O que mais passava na minha cabeça era como eu iria sustentar uma filha, e como eu não havia percebido (a gravidez)? Eu estava mais magra do que estou hoje (três anos depois). Não tinha desejos, não tinha dores nas costas. Eu menstruei duas vezes, em pequenas quantidades, durante a gestação. Tomava a pílula direito, e só parei duas semanas antes de Amelia nascer.

A placenta estava na frente da Amelia (no útero), então eu não sentia ela chutar.

Descobri depois que todas as vezes que a minha filha estava se mexendo, eu sentia como se fossem borboletas no estômago ou movimentos intestinais. Não sentia um bebê grande chutando dentro de mim.

Já ouvi de algumas pessoas: 'essa história é falsa. Ela inventou tudo'. Fico muito chateada. Não faria isso porque a minha saúde e a saúde da criança estariam sob risco. E minha família teria me ajudado (na gravidez), feito um chá de bebê. Eu não tinha nenhuma barriga, e nem a minha mãe, de quem sou muito próxima, percebeu que eu poderia estar grávida.

Felizmente tive uma grande rede de apoio de familiares.

Eu com certeza não quero esconder da Amelia a história de como ela nasceu. Quando for a hora certa, vou contar para ela. E a minha vida nunca esteve melhor: tudo melhorou depois que a Amelia nasceu. Minhas relações com meus pais estão melhores, eles estão curtindo serem avôs."

 


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