05/05/2019 às 18h22min - Atualizada em 05/05/2019 às 18h22min

Ricardo Coutinho fala sobre Operação Calvário e diz que existe uma “orquestração midiática” para “assassinar reputações” na PB

Em sua primeira entrevista a um órgão de comunicação desde que deixou o governo do Estado no dia 31 de dezembro de 2018, o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) rompeu o silêncio sobre as denúncias contra ex-secretários de suas gestões, supostamente envolvidos em irregularidades na Saúde Pública e no recebimento de vantagens financeiras ilícitas e colocou em xeque o teor das acusações levantadas por diligências do Ministério Público, em articulação com a Polícia Federal e outros órgãos. Na opinião de Ricardo, que falou à TV Tambaú, afiliada do SBT, em programa especial de entrevista que foi ao ar na manhã deste domingo (5), o que está em andamento é uma “orquestração midiática” para “assassinar reputações” no Estado, episódio que considera altamente deplorável e prejudicial ao ambiente de liberdades democráticas.

Ricardo Coutinho, que governou o Estado por dois mandatos e que atualmente preside a Fundação João Mangabeira, órgão de estudos políticos do PSB nacional, duvidou que existam provas concretas capazes de incriminar ex-auxiliares seus, apesar da prisão da ex-secretária Livânia Farias e de denúncias envolvendo secretários que pediram exoneração ao governador João Azevêdo, como Waldson de Souza e o procurador Gilberto Carneiro. Ele criticou o que chama de “espetacularização” verificada por ocasião do cumprimento de mandados de busca e apreensão de documentos ou de prisão expedidos por autoridades judiciais, observando que em muitos casos tais procedimentos não resultam absolutamente em nada e muito menos incriminam quem quer que seja. Como reflexo colateral, tais mandados prestam-se apenas à exploração política-eleitoreira por parte de segmentos oposicionistas.

Coutinho indagou qual o motivo de alguns dos referidos mandados não terem sido cumpridos na sua própria gestão, alegando que, de sua parte, nunca teve nada a temer nem fez qualquer prejulgamento negativo do comportamento de secretários que, na sua opinião, “deram a sua melhor contribuição possível para a realização de mudanças em benefício da população paraibana”. Lamentou, também, o ex-governador, que tenha ocorrido uma espécie de invasão de dependências do Centro Administrativo do Estado, dentro da tática de tentativa de apuração ou descoberta de atos ilícitos por parte da sua administração, já que secretários que se exoneraram fizeram parte de suas equipes. “Além de não ter ficado evidenciado nada, restou claro que a população da Paraíba em nenhum momento foi penalizada com supostos desvios que, se cometidos, partiram de terceiros que tinham contratos com o Estado”, pontuou.

O ex-governador advertiu que contrariou interesses de grupos econômicos e políticos influentes, asseverando que tomou medidas drásticas quando confrontado com insinuações de supostas irregularidades em esferas administrativas. “O meu governo não foi omisso na defesa e preservação do patrimônio público. Pelo contrário, governamos de portas abertas, com a máxima transparência, dentro do compromisso assumido de instaurar uma nova realidade e uma mentalidade diferente na gestão da coisa pública, que deixou de ser apanágio de poucos para constituir-se em direito inalienável de muitos”, acrescentou Ricardo Coutinho. Em termos políticos, o ex-gestor admitiu ter cometido erros ou equívocos quando aceitou, depois de procurado, fazer aliança com grupos como o do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) em 2010, mas lembrou que não teve dificuldades para desfazer as alianças quando elas passaram a ser insustentáveis do ponto de vista da afinidade de convivência. Por fim, ele disse que não há definição sobre uma pré-candidatura sua a prefeito de João Pessoa nas eleições do próximo ano, pelo PSB.

Ricardo Coutinho foi categórico ao assinalar que não pretende perpetuar-se na atividade política e salientou que somente admitiria examinar a possibilidade de se candidatar a prefeito da Capital num contexto de interesse público. “A minha preocupação pessoal é a de estimular valores emergentes na atividade política, assegurando-lhes espaço para as bandeiras de renovação que têm apregoado. E, se ainda assim, eu for convocado, farei questão de ter a companhia dessas lideranças que oferecerão contribuição inquestionável à continuidade do processo de mudança pelo qual nos empenhamos”, frisou, concluindo estar com a consciência tranquila diante das insinuações envolvendo seu nome com a chamada Operação Calvário.

Nonato Guedes/Blog Os Guedes


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