"Eu não desconfiei absolutamente de nada. Tive alguns sintomas, mas fui tratando isoladamente, como prisão de ventre e azia. Eu atrelava isso a uma alimentação desregulada"
Lana Wigand, 27
"A gente planejava ter filhos por meio da adoção. Falávamos em entrar com o processo aos 30 anos", diz Lana sobre os planos dela e do namorado. Eles estão juntos há um ano e meio.Lana relata que tomava anticoncepcional, o que fez com que ela não cogitasse a gravidez.
O casal pratica atividades físicas, e Lana havia engordado apenas 4 quilos nos últimos meses. Com dores de estômago e acreditando que tinha algum problema intestinal, foi à gastroenterologista. "Ela me passou laxantes e remédios para cólica intestinal", diz Lana, rindo.
No oitavo mês, descobriu que o desconforto era o pequeno Gabriel se mexendo.
O alerta foi dado quando Lana percebeu que a menstruação estava diferente e voltou a procurar uma especialista. A médica pediu um exame de imagem.
"A médica fez uma cara meio desconfiada e assustada e falou a frase: 'Mulher, você está muito grávida!' Entrei em estado de choque, sem acreditar. Eu vi a carinha dele no vídeo [ultrassom] e não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo", lembra.
Com isso, o útero cresceu, não expandiu a barriga, mas pressionou órgãos internos - o que ocasionava as dores abdominais.
"Nenhum método anticoncepcional é 100% seguro. Todos, inclusive laqueadura e vasectomia, têm índices de falha, uns mais e outros menos. Ela engravidou tomando a pílula e não desconfiou porque continuou com o fluxo de sangue escasso [nos intervalos da pílula, similar à menstruação]", conta a médica.
Segundo a profissional, casos como esse não são comuns, mas não chegam a ser raros.
Com o pouco tempo de preparação para a chegada de Gabriel, os pais tiveram que alterar a ordem tradicional dos preparativos. O chá de bebê, por exemplo, aconteceu seis dias depois de o filho ter nascido.
"Alguns colegas venderam cookies, brigadeiros, mudas de plantas e o dono de um bar vendeu bebida e reverteu o valor para a gente", diz Arthur, que é musicista.
Ele também organizou um show com a sua banda e reverteu todo o dinheiro arrecadado para os gastos com o filho inesperado. "Hoje o Gabs [Gabriel] é o nosso ponto de partida. É a possibilidade de um futuro tão maravilhoso quanto o que a gente planejava sem ele", diz a mãe.
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