Segundo o Ministério Público Estadual, o médico fingia exames ginecológicos para abusar das pacientes. Ele virou réu por violação sexual mediante fraude.
Segundo o MPE, mesmo sem ser procurado por problemas ginecológicos, o médico insistia em examinar os órgãos genitais das mulheres sob o pretexto de verificar se havia doenças.
De acordo com a ação, a última vítima teria sofrido violência sexual em 1° de fevereiro. Ela diz que procurou o posto de saúde com dor na virilha. No consultório, o médico tocou a vagina da paciente por cerca de 40 minutos, além dos seios.
"Ele colocou uma luva com gel e tocou o órgão genital da vítima, que questionou sobre a necessidade daquela conduta", diz o promotor de Justiça Ary de Medeiros Lages Filho. "O médico respondeu que estava tentando fazê-la expelir algum líquido que, por ventura, a paciente tivesse retido", completa.
Em caso de condenação, Adriano Antônio da Silva Pedrosa pode ter pena que vai de dois a seis anos de reclusão.
Formado em 1999, Silva também é professor adjunto de medicina na Ufal (Universidade Federal de Alagoas).
Ele atua no programa Médico da Família e Comunidade da prefeitura, além de ser supervisor do Provab (Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica) e tutor do Programa Mais Médicos para o Brasil.
Policiais da delegacia regional de Matriz do Camaragibe informaram que o médico está detido na carceragem da delegacia e se recusou a comentar sobre as acusações imputadas a ele. Durante depoimento, Pedrosa também permaneceu calado.
Segundo o MPE, o acusado agiu de forma similar com as vítimas, durante atendimento médico. O segundo caso teria ocorrido em 2018, no mesmo posto, com uma paciente que foi apresentar o resultado de um exame de abdômen.
"Ele alisou os seios dela (...), determinou ainda que a vítima levantasse as pernas, colocou uma luva com gel e iniciou o 'procedimento', tendo passado, aproximadamente, uns 20 minutos manuseando a vagina da paciente, sob o pretexto de expelir um líquido", informou o promotor de Justiça Ary Lages.
O primeiro caso que consta na denúncia do MPE descreve que em 2014 uma mulher procurou socorro médico no posto de saúde da praia de Marceneiro com um sangramento no nariz. O médico teria feito a vítima tirar a roupa.
"Ele sequer examinou o nariz da paciente, num comportamento claro de abusador sexual. E o agravante é que ela estava com sete meses de gestação à época do fato", acusa o promotor de Justiça.
Adriano Antônio da Silva Pedrosa já responde ao outro processo por caso similar ocorrido em 2015.
"O denunciado vem praticando esse crime há anos, tendo a necessidade de uma resposta estatal a essa repugnante conduta praticada por um profissional que deveria cuidar do ser humano, e não fazê-lo de vítima contumaz para a satisfação da sua lascívia", destacou o promotor de Justiça.
O UOL tentou localizar a defesa de Adriano Antonio da Silva Pedrosa, mas até a publicação deste texto nenhum advogado havia se apresentado.