22/02/2019 às 14h46min - Atualizada em 22/02/2019 às 14h46min

Buega Gadelha chegou a ser lançado como candidato a governador da Paraíba

Membro de tradicional família política com raízes na cidade de Sousa, no Alto Sertão, o engenheiro civil Francisco de Assis Benevides Gadelha (Buega), que foi envolvido na Operação “Fantoche” e teve que prestar depoimento à Polícia Federal em Brasília sobre supostas irregularidades à frente da Fiep, Federação das Indústrias do Estado da Paraíba e do Sesi, foi eleito vice-presidente-executivo da Confederação Nacional da Indústria – CNI, para o período 2018-2022, na chapa encabeçada por Robson Braga de Andrade, que também foi preso por agentes da PF e já colocado em liberdade. “Buega” representou o segmento industrial dos nove Estados do Nordeste com sua inclusão na chapa vitoriosa.

Irmão do ex-senador Marcondes Gadelha, que em dezembro último concluiu mandato de deputado federal e pendurou as chuteiras da atividade política, bem como do falecido desembargador Paulo de Tasso Benevides Gadelha, filho do usineiro José de Paiva Gadelha, que comandou o cenário político em Sousa por bastante tempo, rivalizando com o ex-governador Antônio Mariz, falecido em 1995, “Buega” chegou a ser lançado como candidato a governador para o pleito de 2018. A iniciativa partiu de Márcio Tarradat Rocha, ex-vereador por Campina Grande, durante comemoração de aniversário de “Buega”. Apesar da receptividade, a candidatura não prosperou.

Em 1986, Marcondes Gadelha, irmão de “Buega”, foi candidato a governador pelo PFL, lançado à última hora para substituir o empresário José Carlos da Silva Júnior, que renunciou à candidatura pelo PDS diante de rumores sobre “cristianização” da candidatura pelo esquema do ex-governador Wilson Braga. José Carlos, que chegou a assumir a titularidadeno Senado, também ficou abespinhado com “chantagens” feitas para que assumisse o papel de “trem-pagador” da campanha de 86, financiando candidaturas majoritárias que compunham a chapa. Decidiu que o mais conveniente era sair do páreo. Marcondes, que o substituiu, foi derrotado por Tarcísio Burity, que concorreu pelo PMDB, por uma diferença de quase 300 mil votos de maioria.

Em 1982, Marcondes, que era filiado ao MDB-PMDB, rompeu com a legenda diante do iminente ingresso de Antônio Mariz, seu adversário político na cidade de Sousa, que foi adotado como candidato a governador pela oposição, enfrentando como principal adversário Wilson Braga (PDS), vitorioso com 151 mil votos de vantagem. Gadelha, no embalo do prestígio de Wilson e da prevalência do voto vinculado, candidatou-se ao Senado pelo PDS e derrotou Pedro Gondim, ex-governador e líder populista no Estado. A ficha de filiação de Marcondes ao PDS foi abonada por Ibrahim Abi-Ackel, ministro da Justiça, mas foi numa audiência com o próprio presidente João Baptista Figueiredo que Marcondes sacramentou o seu ingresso no PDS. No MDB ele havia liderado o “grupo autêntico” que defendia os direitos humanos em plena ditadura militar.

José de Paiva Gadelha, que por ocasião de sua morte foi tratado até na mídia sulista como “um dos últimos coronéis do Nordeste”, tinha habilidade e larga influência política na região polarizada por Sousa. Empenhou-se, o tempo todo,em preparar os  filhos para serem “doutores”, mas acabou “raptando” muitos deles para a política. Marcondes, por exemplo, formou-se em Medicina mas logo  em 1968 disputou mandato político. Paulo, que morreu como desembargador, foi um dos mais brilhantes deputados estaduais da Paraíba. Raimundo (Doca) Gadelha, já falecido, também se projetou na Assembleia Legislativa. Salomão Gadelha foi prefeito de Sousa e tinha nome cotado para concorrer ao governo do Estado. André, também da família Gadelha, foi prefeito de Sousa e deputado estadual. Na legislatura recém-encerrada na ALPB, Renato Gadelha, que atua em Campina Grande, cumpriu profícuo mandato de deputado estadual, não logrando, porém, ser reeleito. Além do brilho na política, os Gadelha destacaram-se pela fluência como oradores ou tribunos. Marcondes Gadelha chegou a saudar o ex-presidente da França, François Miterrand, uma legenda política respeitada no mundo, e intercalou seu discurso com expressões do idioma francês. O “imbróglio” envolvendo “Buega” Gadelha foi profundamente lamentado em diferentes segmentos sociais da Paraíba.

Nonato Guedes


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