Com relação ao segundo terço do dinheiro roubado, recomendam que os próximos corruptos adotem jovens que já tenham CPF para serem seus laranjas, porque se torna impossível rastrear o parentesco, mas terão que evitar transferências bancarias de suas contas para o adotado. Só dinheiro vivo.
Igualmente importante será os corruptos identificarem parentes “gulosos” das autoridades honestas, porque na hipótese de um iminente escândalo o corrupto irá ameaçar Sua Excelência com as bolsas Chanel dadas à madama da autoridade sem o conhecimento do até então honesto.
Enfim o futuro corrupto deve investir a terceira parte da grana em gado ou cavalos. Garantem os professores que essa é a maneira mais fácil de esconder dinheiro, porque animais não falam nem chamam tanto a atenção como objetos de arte, além do que e ao contrário das obras de arte, os animais podem se reproduzir para justificar o aumento do patrimônio.
Encerrado o plano de aulas relativo ao dinheiro, passam os professores de corrupção a ensinar como evitar delações premiadas, mas isso será mais explicado durante o curso. Aqui apenas o “cardápio”.
Porém uma última informação se faz necessária; o preço do curso. Apesar de ser algo novo, o curso para preparar os novos corruptos é bastante caro. Mesmo porque os professores são os melhores do mundo (covardia, já que Brasil é campeão mundial na matéria), com especialização em cofres públicos e receitas desviadas. No currículo deles constam inúmeras denúncias e nenhuma condenação, diversos inquéritos de desvio de verbas inconclusos ou arquivados. Por ser tão caro é que eles estão oferecendo aos alunos uma opção de pagamento; ao invés dos 500 mil reais à vista, módicos 11% do que os futuros corruptos vierem a roubar. Quando perguntei o por que desse percentual, explicaram: “- É que 10% é coisa de garçom. Nós ofertamos o próprio banquete”.
Ah, Brasil!